As manifestações em Moçambique entrarão numa nova etapa na próxima segunda-feira, 30 de Dezembro, com o anúncio pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane da “fase ponta-de-lança” das manifestações, que promete acções mais organizadas e direccionadas, com foco na busca pela “verdade eleitoral” e reformas no sistema democrático do País
De acordo com Mondlane, que falava numa live na sua página do Facebook, a nova fase das manifestações e, por sinal, a última até à sua tomada de posse no dia 15 de Janeiro, será distinta das anteriores, com um enfoque mais estratégico.
“Na segunda-feira, vamos indicar quais são as medidas da ‘fase ponta-de-lança’. Estas medidas serão diferentes de tudo o que fizemos até agora. O objectivo desta fase é a reposição da verdade eleitoral, da democracia e da justiça”, afirmou, reforçando que, apesar da intensidade das acções, as medidas manterão o seu carácter pacífico.
O candidato também convocou a população a preparar-se para o que será anunciado na segunda-feira, afirmando que, com excepção das actividades do sector informal, todas as outras deverão estar encerradas em todo o País. “Na segunda-feira, vamos ficar parados. Apenas as nossas ‘mamanas’ do sector informal poderão movimentar-se. Todos os outros deverão permanecer atentos para receberem as medidas da fase ponta-de-lança”, disse Mondlane, alertando que este será um momento crucial de mobilização popular.
No seu discurso, Mondlane fez também um apelo à resistência, lembrando as mortes e intimidações sofridas pelos manifestantes nos últimos dias. “Estamos muito próximos. Eles aterrorizaram-nos, meteram-nos medo, mataram os nossos irmãos, mas estamos na recta final. Não podemos desistir agora”, destacou, pedindo aos seus apoiantes para não se deixarem abalar, apesar das dificuldades enfrentadas.
O candidato da presidencial também teceu críticas ao Governo da Frelimo, reforçando as suas acusações ao partido de manipular os resultados das eleições e de fomentar actos de vandalismo para enfraquecer a mobilização popular. “Se alguém destruir lojas ou roubar bens, que fique claro, isso não tem nada que ver connosco. Estamos aqui pela democracia e pela justiça, não pelo caos”, afirmou, afastando-se de qualquer ligação com actos de violência evandalismo.
Mondlane denunciou ainda o uso de estratégias de manipulação pela Frelimo para gerar pânico na população. Ele mencionou rumores espalhados em grupos de WhatsApp sobre supostos “homens armados”, que espalharam terror nos bairros durante a madrugada desta sexta-feira (27), classificando-os como tentativas de desviar a atenção das questões eleitorais. “Criaram grupos de WhatsApp para espalhar rumores sobre homens armados com catanas. Mas isso é apenas manipulação para afastar o foco da verdade eleitoral e do roubo de votos”, concluiu.
Texto: Florença Nhabinde