Quatro organizações humanitárias lançaram nesta quinta-feira (19) um “apelo urgente” de cerca de 1,1 mil milhões de meticais (18 milhões de dólares) para ajudar mais de 100 mil pessoas afectadas pelo ciclone tropical Chido no Norte de Moçambique, informou a Lusa.
“A plataforma precisa de assegurar cerca de 18 milhões de dólares para permitir intervenções em matéria de alimentação, abrigo, água, saneamento e higiene, bem como protecção”, lê-se num comunicado conjunto das organizações Visão Mundial Moçambique, Plan International, ADRA Moçambique e CARE.
A acção conjunta visa mitigar o impacto do ciclone Chido nas províncias de Cabo Delgado e de Nampula, no Norte do País. As medidas mais imediatas são a distribuição de tendas, utensílios de cozinha e purificadores de água.
“Este apoio deve chegar o mais rapidamente possível, dada a aproximação da época das chuvas e do facto de muitas destas comunidades já se encontrarem em situações muito frágeis devido ao conflito armado e à insegurança alimentar”, afirmou Katia dos Santos, directora nacional da CARE Moçambique, citada no documento.
As organizações temem ainda o surto de cólera e de outras doenças de veiculação hídrica devido à deterioração das “já precárias” condições de higiene e saneamento nas zonas afectadas, onde se espera que sejam assistidas mais de 100 mil pessoas.
“Esta conjugação de esforços não é nova e visa reforçar a nossa capacidade de resposta às necessidades das comunidades que servimos”, concluiu Carolina da Silva, directora nacional da Visão Mundial Moçambique.
Pelo menos 70 pessoas morreram, 600 ficaram feridas e outras 181 554 pessoas foram afectadas pela passagem do ciclone Chido em Cabo Delgado, Nampula e Niassa, segundo dados actualizados na quarta-feira (18) pelas autoridades moçambicanas.
Informações preliminares divulgadas por Bonifácio António, técnico do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres (INGD), indicam que o Centro Nacional de Operações de Emergência (CENOE) registou pelo menos 50 mortes só no distrito de Mecufi, na província de Cabo Delgado, por onde entrou o ciclone.
De acordo com a instituição, o ciclone tropical intenso Chido atingiu a zona costeira do Norte de Moçambique entre sábado e domingo (14 e 15), mas enfraqueceu para uma tempestade tropical severa. No entanto, continuou a fustigar as províncias daquela região com chuvas intensas, trovoadas e ventos muito fortes.
Moçambique é considerado um dos países mais severamente afectados pelas alterações climáticas, enfrentando inundações cíclicas e ciclones tropicais durante a estação das chuvas, que vai de Outubro a Abril.