A corrupção no território nacional não deixa de ser uma realidade, pois a cada ano que passa, novos casos são registados. Ainda em Agosto do presente ano, o País ficou classificado no 145.º lugar, entre os 180 países do mundo, analisados pela Transparency International. Se considerarmos apenas o continente africano, Moçambique é o 36.º classificado entre 53 nações.
Nesta quinta-feira, 12 de Dezembro, o Gabinete Central de Combate à Corrupção (GCCC) informou que registou neste ano, em todo País, 1734 casos de corrupção, dos quais 1093 de 2024 e 641 transitados de 2023, a maioria dos quais reportados na cidade de Maputo.
A informação foi partilhada na sexta-feira (6), pelo porta-voz do Gabinete Central do Combate à Corrupção (GCCC), Romualdo Johnam, durante as cerimónias alusivas ao Dia Internacional de Luta Contra à Corrupção, assinalado no dia 9 de Dezembro, com o tema: “Unidos com a Juventude na Prevenção e Luta Contra a Corrupção: Moldando a Integridade do Amanhã”.
Romualdo Johnam, citado pela Agência de Informação de Moçambique, referiu que, dos 1734 casos de corrupção, findaram 743 processos, dos quais 551 foram acusados e 192 arquivados. Destacou os crimes mais frequentes: a corrupção passiva para acto ilícito, com 125 casos; corrupção activa, com 51 casos; peculato e abuso de cargo ou função (155 e 49 casos).
“Relativamente ao ano 2023, houve um aumento de 55 processos de casos de corrupção no presente ano, que se traduz no incremento de denúncias na cidade de Maputo, seguida das províncias de Gaza, Manica e Sofala”, disse, acrescentando que dos 551 casos que culminaram em acusação, “alguns já foram condenados e outros aguardam julgamento”.
O porta-voz do GCCC considera “urgente a identificação de mecanismos, métodos e técnicas apropriadas e inclusivas para a disseminação de mensagens sobre as formas de combate e prevenção da corrupção, de modo a incutir de forma rigorosa e determinada o espírito de pertença da coisa pública, seja material ou financeira.”
O responsável considerou crucial a realização de palestras e sensibilizações nos diversos sectores de actividade, tanto formal como informal, nas diversas instituições, universidades, escolas, igrejas, bairros, mercados, entre outros locais, como forma de combater e prevenir a corrupção.
Por seu turno, o procurador-geral da República, Américo Letela, defendeu que o combate e prevenção da corrupção está nas mãos dos jovens, pois “apenas com uma geração jovem, consciente, engajada e resiliente, seremos capazes de moldar uma sociedade mais ética, transparente e livre da corrupção.”
Para Letela, a cerimónia serve como uma oportunidade para a construção de um futuro diferente, porque a corrupção é uma prática que corrói as fundações de qualquer Estado, enfraquece as instituições, destrói a confiança dos cidadãos e perpetua ciclos de pobreza, desigualdade e injustiça, comprometendo o futuro das gerações vindouras.
“Não há dúvidas de que os jovens continuam a ser os principais sujeitos para vencer esta causa, com a mudança de atitudes, sendo portadores de meios de denúncias aliados às dinâmicas da realidade social e, acima de tudo, resgatando valores éticos e morais que têm vindo a degradar-se”, disse.