A consultora Oxford Economics reviu em baixa a previsão de crescimento da economia de Moçambique para este ano e para o próximo devido à violência pós-eleitoral, antecipando agora uma expansão de 3,9% e 3,2%, respectivamente, informou a agência Lusa.
“Descemos a nossa previsão de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em Moçambique para este ano, de 4,4% para 3,9%, e para o próximo ano estimamos uma redução da previsão de 4,1% para 3,2%”, escrevem os analistas no mais recente comentário à evolução da economia nacional.
Na análise, enviada aos investidores e a que a Lusa teve acesso, o departamento africano desta consulta britânica salienta que “a perspectiva de evolução da economia é frágil devido aos riscos políticos”.
Os analistas advertem que “sem uma confirmação dos resultados eleitorais por parte do Conselho Constitucional e com um acordo negociado de partilha do poder a ser altamente improvável, a violência mortal pós-eleitoral vai arrastar-se indefinidamente”.
A violência no País no seguimento do anúncio dos resultados eleitorais do escrutínio de 9 de Outubro “ameaça a tranquilidade das operações nas fronteiras e nos portos, bem como a continuação dos projectos de infra-estruturas financiados por operadores estrangeiros”.
“É provável que haja mais atrasos no projecto da TotalEnergies no norte do País, essencial para as perspectivas de desenvolvimento económico”, detalham.
Nos documentos de suporte ao Plano Económico e Social do Orçamento do Estado (PESOE) para 2024, o Governo aponta para um crescimento do Investimento Directo Estrangeiro (IDE) para 4,7 mil milhões de dólares, ajudando o PIB a crescer 5,5% este ano, em previsões feitas antes de Outubro, e não levando em conta, portanto, o impacto económico de paralisações e tumultos que se seguiram à divulgação dos resultados eleitorais.
O Executivo previa também que o IDE no País duplicasse este ano, impulsionado pelos negócios de exploração do gás natural, para mais de 3,5 mil milhões de euros, depois de ter registado um crescimento de 48% no primeiro semestre, mas o objectivo parece difícil de alcançar tendo em conta o forte abrandamento no último trimestre do ano.
Pelo menos 110 pessoas morreram nas manifestações pós-eleitorais no País desde 21 de Outubro, segundo um balanço actualizado divulgado na terça-feira (10) pela Organização Não-Governamental (ONG) Plataforma Eleitoral Decide.
As manifestações, com paralisações de actividades, bloqueios de estradas, portos e postos fronteiriços, são resposta a apelos do candidato presidencial Venâncio Mondlane após o anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) dos resultados das eleições, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição para Presidente da República, com 70,67% dos votos.
Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.