A mineradora australiana South32 Ltd. anunciou a suspensão da previsão de produção (processo de estimar a procura futura por produtos) da sua fundição de alumínio em Moçambique, a Mozal, devido aos protestos generalizados e violentos que estão a afectar o País.
Segundo informou a BNN Bloomberg, os bloqueios de estradas têm dificultado o transporte de matérias-primas para a fábrica, localizada próximo da capital, Maputo, embora a empresa tenha afirmado que a força de trabalho permanece segura, não se registando incidentes graves de segurança.
Inicialmente, a mineradora estimava uma produção de 360 mil toneladas de alumínio na Mozal para o ano fiscal que termina em Junho de 2025. No entanto, os desafios logísticos provocados pela instabilidade política e social obrigaram a empresa a rever as suas operações.
Os protestos, que decorrem desde as eleições gerais de 9 de Outubro, resultaram em mais de 100 mortes, centenas de feridos e milhares de detenções. A maior parte das vítimas são manifestantes, em confrontos com a polícia.
“Há uma grande agitação civil no País, o que está a impactar a nossa capacidade de movimentar abastecimentos”, afirmou o director executivo da South32, Graham Kerr, que ressaltou que a situação está sob controlo, mas exige monitorização constante.
A Mozal é um dos pilares económicos de Moçambique, sendo responsável por cerca de 1,1 mil milhões de dólares em exportações de alumínio em 2023, tornando este o terceiro maior produto de exportação do País. Apesar da implementação de planos de contingência para mitigar os impactos operacionais, a empresa ainda não divulgou detalhes sobre essas medidas.
Os protestos em Moçambique levaram também a África do Sul a encerrar temporariamente o principal posto fronteiriço entre os dois países, afectando a logística de exportação do minério de crómio sul-africano através do Porto de Maputo. A situação está a agravar-se, o que realça a importância da estabilidade política para a continuidade das actividades industriais e comerciais na região.