As exportações de legumes e hortícolas de Moçambique registaram um aumento de 71% no primeiro semestre de 2024, totalizando (3,3 mil milhões de meticais (52,5 milhões de dólares), de acordo com dados do Banco de Moçambique (BdM), segundo informou a Lusa.
O crescimento deveu-se à retoma da produção e ao escoamento normalizado destas culturas, após os efeitos de condições climáticas adversas que impactaram o País em 2023. Segundo o relatório da balança de pagamentos do BdM, divulgado esta terça-feira (10), o aumento de 70,8% reflecte uma recuperação significativa para o sector agrícola.
“As vendas destes produtos incrementaram 70,8%, ascendendo a 3,3 mil milhões de meticais (52,5 milhões de dólares), como resultado da retoma à normalidade do processo de produção e escoamento dessas culturas”, refere o documento.
O ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, em declarações proferidas em Novembro, sublinhou as boas perspectivas para a campanha agrícola 2024-25, estimando um crescimento de 5% com a chegada das chuvas. Contudo, apontou que a “paz social” é essencial para garantir a continuidade da produção agrícola e a estabilidade das famílias produtoras.
“É muito importante termos paz social, porque nos permite produzir, permite que cada família que tem a sua actividade possa desenvolver-se e não ter o seu rendimento afectado. Entre todas as condições, para além das do clima, de financiamento e de trabalho, a paz social é essencial para termos uma campanha tranquila no próximo ano”, declarou o ministro.
O País continua a enfrentar desafios no sector agrícola, como o contrabando de produtos, a competitividade no mercado regional e a necessidade de avanços tecnológicos. Celso Correia destacou que o Sul de Moçambique ainda depende de importações da África do Sul, enquanto o abastecimento local, em algumas épocas, é afectado por limitações na produção nacional.
O ministro frisou a importância de investimentos em tecnologia agrícola, como estufas para produção fora de época, particularmente em culturas como o tomate, que são sensíveis a alterações climáticas. Contudo, apontou avanços, com destaque para a banana, que já é um produto de exportação de peso no País, e para a entrada de jovens agricultores na cintura verde de Maputo, implementando tecnologias modernas e elevando a competitividade moçambicana.
O relatório do Banco de Moçambique reforça que o crescimento registado no primeiro semestre de 2024 sinaliza uma recuperação do sector, mas alerta para a necessidade de estratégias sustentáveis que assegurem a resiliência das exportações face às mudanças climáticas e à concorrência externa.
Com a campanha agrícola em curso e as chuvas previstas, as expectativas para o final do ano permanecem positivas, sustentando a meta de fortalecer o sector agrícola e aumentar a participação de Moçambique no mercado regional de exportação.