As exportações de algodão registaram uma queda de 71% no primeiro semestre de 2024, correspondendo a uma diminuição de 1,1 mil milhões de meticais (18,5 milhões de dólares), segundo dados do Banco de Moçambique (BdM), segundo informou a Lusa.
No período em análise, o País exportou algodão no valor de 486,2 milhões de meticais, comparativamente aos 1,6 mil milhões de meticais registados no mesmo período de 2023.
De acordo com o BdM, esta redução significativa deveu-se a uma queda de 4,5% no preço médio da fibra de algodão no mercado internacional, apesar de o volume exportado ter aumentado 36,2%.
O algodão tem sido uma cultura de grande importância para a economia moçambicana, representando, em média, entre 1,9 a 3,1 mil milhões de meticais anuais em receitas de exportação na última década, conforme avançado pela Associação Algodoeira de Moçambique (AAM).
Para mitigar os impactos da baixa de preços no mercado global e sustentar o rendimento dos agricultores, o Governo moçambicano atribuiu, na campanha de 2023-24, um subsídio de cinco meticais por quilograma de algodão, beneficiando aproximadamente 600 mil agricultores em todo o País.
Segundo o ministro da Agricultura e Desenvolvimento Rural, Celso Correia, esta medida beneficiou cerca de 100 mil famílias e estabilizou os rendimentos dos produtores, num contexto de condições adversas, como a seca causada pelo fenómeno climático ‘El Niño’ e o excesso de oferta global de algodão, que pressionaram os preços para baixo.
Na última campanha, o preço mínimo de compra do algodão foi fixado em 30 meticais (43 cêntimos) por quilograma, incluindo o subsídio estatal, abaixo dos 33 meticais (49 cêntimos) praticados na campanha anterior.
Moçambique contribui actualmente com menos de 0,5% da produção mundial de algodão, num mercado liderado pelos Estados Unidos, China e Índia. Na campanha de 2022-23, o País comercializou 37 400 toneladas de algodão, com subsídios governamentais que totalizaram 261,6 milhões de meticais.
A queda nas exportações de algodão é um reflexo das dificuldades enfrentadas pelo sector agrícola moçambicano, que continua a depender de subsídios e políticas de estabilização para enfrentar os desafios globais e garantir a subsistência de milhares de produtores.