A Sociedade do Notícias, que publica o maior jornal do País (notícias), comunicou nesta terça-feira, 10 de Dezembro, que está a “enfrentar dificuldades na distribuição” impressa das suas três publicações devido às “manifestações violentas” pós-eleitorais em todo o País.
“A situação é agravada pelas limitações na importação de matéria-prima para a impressão, nomeadamente papel, tintas e chapas, da vizinha África do Sul”, lê-se num comunicado publicado na primeira página do jornal notícias, citado pela agência Lusa.
O documento acrescenta que “como solução transitória para mitigar o impacto desta situação, e embora reconhecendo a relevância que o jornal impresso tem para muitos dos leitores, a Sociedade do Notícias está aberta a fornecer o acesso à versão digital das suas três publicações. A distribuição dos jornais notícias, domingo e desafio na versão impressa será retomada com a necessária normalidade para todo o País assim que as condições o permitirem”, conclui o documento.
Pelo menos 47 pessoas ficaram feridas em confrontos entre manifestantes e a polícia nos últimos cinco dias de manifestações de contestação dos resultados eleitorais, anunciaram na segunda-feira (9) as autoridades, que detiveram ainda 77 pessoas.
Os dados indicam que foram igualmente instaurados 119 processos-crimes, submetidos ao Ministério Público.
A polícia registou a destruição, com recurso a bombas de fabrico caseiro, de pelo menos cinco postos policiais, quatro postos administrativos, uma conservatória de serviços de notariados, uma invasão e vandalização a um estabelecimento penitenciário e ataques incendiários contra quatro residências.
Pelo menos 103 pessoas morreram nas manifestações pós-eleitorais em Moçambique desde 21 de Outubro, segundo a organização não-governamental Plataforma Eleitoral Decide.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane apelou para uma nova fase de contestação eleitoral de uma semana, de 4 a 11 de Dezembro, em “todos os bairros” de Moçambique, com paralisação da circulação automóvel das 8h00 às 16h00.
O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), no dia 24 de Outubro, dos resultados das eleições de 9 do mesmo mês, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição para Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, e que têm degenerado em confrontos violentos com a polícia.
Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este não reconhece os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.