O Presidente da República, Filipe Nyusi, procura intensificar esforços para enfrentar a crise política e social que se seguiu às eleições gerais de Outubro, promovendo uma série de encontros com diferentes sectores da sociedade. Nesta segunda-feira (9), o chefe do Estado reuniu-se, separadamente, com a Comunidade Muçulmana e a Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), representando o sector privado, segundo informou o jornal notícias.
Durante as reuniões, Nyusi sublinhou a importância do diálogo inclusivo como ferramenta para ultrapassar as tensões que têm resultado em manifestações violentas e bloqueios nas principais cidades do País, como Maputo e Matola. O Presidente apelou à colaboração de líderes religiosos e empresariais na busca de soluções pacíficas e sustentáveis para os desafios actuais.
De acordo com informações do Diário Ecónimico, na semana anterior, Nyusi já havia conduzido um encontro com os quatro candidatos presidenciais das últimas eleições, embora a ausência de Venâncio Mondlane, um dos principais opositores dos resultados, tenha marcado a iniciativa. Mondlane alegou falta de condições para um diálogo justo, acusando o processo de beneficiar apenas a Frelimo e o candidato vencedor, Daniel Chapo, que obteve 70,67% dos votos, segundo os resultados provisórios da Comissão Nacional de Eleições (CNE).
O diálogo com a classe académica também integrou a agenda presidencial. Num encontro com reitores de universidades públicas e privadas, além de representantes de institutos superiores, Nyusi destacou que as manifestações estão a afectar negativamente o funcionamento das instituições e o processo de arrecadação de receitas fiscais. O Presidente encorajou a academia a contribuir com ideias inovadoras que possam ajudar a fortalecer a paz social e a estabilidade no País.
Para ampliar o espectro de vozes no processo de resolução de conflitos, Nyusi reuniu-se com a Associação Geração 8 de Março, que tem desempenhado um papel activo na promoção do diálogo e na mobilização de iniciativas pacíficas em momentos de tensão.
As manifestações, lideradas por apoiantes de Venâncio Mondlane, têm-se intensificado desde a divulgação dos resultados eleitorais, resultando em confrontos violentos entre manifestantes e as forças policiais. Os protestos, marcados por bloqueios de estradas, destruição de propriedades e disparos de gás lacrimogéneo pelas autoridades, afectaram a circulação de pessoas e bens, provocando paralisações económicas em zonas estratégicas como Maputo e Matola.
O Presidente da República tem reiterado a necessidade de um esforço conjunto entre partidos políticos, sociedade civil, sector privado e cidadãos comuns para restaurar a normalidade. Segundo Nyusi, apenas por meio do diálogo será possível superar as tensões e reconstruir a confiança nas instituições democráticas. Nos próximos dias, novas consultas estão previstas, envolvendo outros sectores da sociedade para consolidar a estabilidade no País.