Uma equipa de investigadores do Instituto de Ciências Industriais da Universidade de Tóquio, no Japão, anunciou uma inovação que poderá transformar a construção e ajudar a reduzir o impacto ambiental da indústria.
De acordo com o site Copema, a nova técnica, que à primeira vista pode parecer invulgar, permite criar um tipo de betão sem cimento, utilizando apenas areia, álcool e um catalisador.
Os investigadores conseguem produzir tetraalcoxisilano a partir da areia através de uma reacção com álcool e um catalisador, removendo a água, que é um subproduto da reacção. “A nossa ideia era deixar a água para que a reacção passasse reversivamente da areia para o tetraalcoxisilano, para unir as partículas de areia”, explica o professor Yuya Sakai, principal autor da investigação.
“Obtivemos produtos suficientemente fortes com, por exemplo, areia de sílica, contas de vidro, areia do deserto e areia lunar simulada”, acrescenta Ahmad Farahani, co-autor do estudo.
Como a nova técnica não depende da forma das partículas de areia, poderá tornar possível a construção de edifícios e estruturas em regiões desérticas, mesmo na Lua ou em Marte.
E, embora não tenham sido realizados testes de resistência, os investigadores acreditam que o betão sem cimento poderá ter uma durabilidade superior à do material convencional devido a uma melhor resistência às variações de volume devidas à temperatura e à humidade.
A ideia de fazer betão sem cimento não é nova. Vários cientistas já testaram alternativas como a escória de alto-forno e as cinzas volantes. A diferença, salienta Sakai, é que o estudo da universidade japonesa utiliza materiais inesgotáveis e com menor carga ambiental, o que faria com que a inovação revolucionasse a construção e protegesse o ambiente ao reduzir drasticamente as emissões de carbono da produção de cimento.
O betão é o material de construção mais utilizado em todo o mundo. A sua composição é uma mistura de areia, gravilha, água e cimento, cuja produção é responsável por 95% da pegada de CO2 do betão – por cada quilograma de cimento produzido, são libertados 0,7 kg de CO2 para a atmosfera.