A Electricidade de Moçambique (EDM) anunciou a implementação de restrições programadas e rotativas no fornecimento de energia ao Sul do País, devido a ameaças de manifestantes contra centrais termoeléctricas estratégicas, informou a Lusa.
Segundo um comunicado da EDM, manifestantes dirigiram-se às centrais de Ressano Garcia (CTRG) e Gigawatt, exigindo a paralisação total da produção como parte dos protestos pós-eleitorais. Temendo repercussões graves, as centrais interromperam a produção, o que resultou num défice de 250 megawatts (MW), correspondendo a cerca de 30% da procura energética da região Sul.
Para minimizar os impactos, a EDM adoptou medidas de restrição temporária enquanto monitora a evolução da situação, que descreveu como “complexa e preocupante”. A retoma das operações normais das centrais dependerá da estabilização no terreno.
As manifestações, desencadeadas após as eleições gerais de 9 de Outubro, têm gerado tensão crescente. Desde 21 de Outubro, pelo menos 90 pessoas morreram, 294 foram baleadas e 3496 foram detidas, segundo a ONG Plataforma Eleitoral Decide. O candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados eleitorais, convocou uma nova fase de protestos entre 4 e 11 de Dezembro, com a paralisação da circulação de veículos em horários específicos.
Os protestos tiveram início após a Comissão Nacional de Eleições (CNE) declarar Daniel Chapo, candidato da Frelimo, vencedor com 70,67% dos votos. Mondlane, segundo colocado com 20,32%, contesta os resultados, ainda sujeitos à validação pelo Conselho Constitucional.
Além dos danos às infra-estruturas sociais e económicas, os protestos têm impactado negativamente as receitas fiscais e os serviços públicos, agravando desafios já existentes, como os relacionados com o terrorismo na província de Cabo Delgado.