A activista moçambicana Anabela Lemos, que recebeu nesta quarta-feira, 4 de Dezembro, em Estocolmo, na Suécia, o Right Livelihood Award, também chamado de “Nobel Alternativo”, denunciou a “violência repressiva do Estado” que tem acontecido em Moçambique, no âmbito das manifestações gerais de protesto aos resultados das eleições de 9 de Outubro.
O País assiste, há mais de 30 dias, a protestos convocados pelo candidato presidencial do partido Podemos, Venâncio Mondlane. Neste sentido, Anabela Lemos lamentou o número de mortos e feridos, assim como a prevalência da “impunidade” numa altura em que o mundo exige mudanças.
“Moçambique está a atravessar uma crise pós-eleitoral sem precedentes, com registo de violência repressiva do Estado que originou muitos mortos e feridos”, afirmou a directora da organização “Justiça Ambiental”.
Distinguida por reforçar as comunidades para que façam valer o seu direito de dizer “não” aos megaprojectos de exploração, através da campanha “Diga Não ao Gás”, a activista declarou que o mundo está a passar por uma crise climática, provocada pelo desenvolvimento, o que precisa de ser revertido.
Por sua vez, um comunicado citado pela Lusa, recordou que a “Justiça Ambiental” se pronunciou contra vários projectos, como o da TotalEnergies de extracção de gás em Cabo Delgado, e criou alianças com a sociedade civil em mais de 23 países para conseguir atrasar a sua implementação, acto que chamou a atenção internacional para as lutas ambientais e de direitos humanos no País.
“Tendo em conta o ambiente politicamente opressivo de Moçambique, a ‘Justiça Ambiental’ é uma das poucas organizações no País que se atreve a contestar projectos tão prejudiciais. Durante mais de 20 anos, Anabela Lemos tem trabalhado de forma corajosa ao lado das comunidades afectadas para combater projectos liderados pelo Governo e por empresas que causam deslocações, prejudicam os meios de subsistência e intensificam as alterações climáticas”, acrescentou o comunicado citado pela agência de notícias portuguesa.
O Right Livelihood Award, como é chamado o prémio para o trabalho social, já reconheceu quase 200 pessoas e organizações desde que foi instituído em 1980 pelo escritor sueco-alemão e deputado europeu Jakob von Uexküll.