O líder do Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), Albino Forquilha, reiterou nesta terça-feira, 3 de Dezembro, que a prioridade continua a ser a reposição da verdade eleitoral, salientando que os “autores da fraude eleitoral devem ser responsabilizados.”
“Pagamos muito dinheiro para que haja pessoas nas instituições a cuidarem do processo de votação, portanto, se for para anulá-las, então devemos responsabilizar seriamente as pessoas que cometeram fraude”, defendeu o responsável.
Forquilha assumiu esta posição durante uma mesa-redonda que aconteceu em Maputo para debater formas de “promover a paz no contexto de tensão pós-eleitoral”, promovida pela organização não-governamental (ONG) Sala da Paz, na sequência das eleições gerais de 9 de Outubro, cujos resultados anunciados pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) desencadearam protestos generalizados que duram há mais de 30 dias.
De acordo com os dados da CNE, e que ainda precisam de ser validados pelo Conselho Constitucional (CC), o Podemos, partido até agora não parlamentar e que ganhou destaque ao apoiar a candidatura presidencial de Venâncio Mondlane, passará a ser o maior partido da oposição, com 31 deputados em 250 mandatos.
No entanto, a oposição não reconhece os resultados da CNE, que deram a vitória à Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder desde 1975) e ao seu candidato presidencial Daniel Chapo.
“Temos de saber quem está realmente a planear, a organizar e a operar a fraude eleitoral. Existe a Frelimo, instituições partidárias que não estão para cumprir a nossa Constituição da República e outras leis, mas a executar o comando do partido. O CC será obrigado a fazer justiça”, argumentou.
Sobre o CC, que já declarou que os resultados das eleições gerais serão conhecidos por volta de 23 de Dezembro, Forquilha disse que a entidade deve “chamar quem esteve no terreno” para analisar o processo – caso dos representantes dos partidos políticos concorrentes, observadores e jornalistas -, verificando em conjunto actas e editais.
“O problema fundamental é a negação da democracia. Foi por isso que o nosso partido procurou provas e as apresentou. São documentos produzidos por instituições credíveis no nosso país. Queremos que esta verdade eleitoral seja feita com um confronto claro destas provas com os números da CNE”, sublinhou.
Segundo a Plataforma Eleitoral Decide, pelo menos 76 pessoas morreram e outras 240 ficaram feridas nos 41 dias de protesto (convocados, essencialmente, pelo candidato Venâncio Mondlane) aos resultados divulgados das eleições.