O Presidente norte-americano, Joe Biden, inicia esta segunda-feira, 2 de Dezembro, uma visita de três dias a Angola, na qual deverá fazer vários anúncios sobre o Corredor do Lobito, mas também em áreas como saúde, segurança alimentar ou agro-negócio.
“Um conjunto destes anúncios será sobre o Corredor do Lobito. Mobilizámos milhares de milhões de dólares para este projecto até agora. Como tal, o Presidente vai envolver-se com várias componentes deste esforço de infra-estrutura”, disse aos jornalistas a assistente especial de Joe Biden e directora dos Assuntos Africanos no Conselho de Segurança Nacional norte-americano, Frances Brown, na semana passada, durante um encontro com a imprensa para antecipar as prioridades da visita que decorre até quarta-feira (4).
O grande foco da viagem, que esteve prevista para Outubro mas acabou por ser adiada para agora, estará no Corredor do Lobito, infra-estrutura ferroviária que liga Angola às zonas de minérios da República Democrática do Congo (RDC) e da Zâmbia e na qual os Estados Unidos são “um membro importante”, especialmente para a segunda fase do projecto, afirmou a coordenadora da Parceria para Infra-estrutura e Investimento Global no Departamento de Estado norte-americano, Helaina Matza, no mesmo encontro com os jornalistas.
Esta fase inclui a construção de 800 novos quilómetros na linha ferroviária que atravessa Angola, Zâmbia e RDCongo, que se somarão aos 1300 já existentes e que estão a ser renovados, lembrou Matza.
Biden deverá também fazer anúncios relacionados com a segurança global da saúde, segurança alimentar e agro-negócio, e ainda um “anúncio importante sobre cooperação no sector de segurança” e “sobre a preservação da rica herança cultural de Angola.”
Em 2023, o comércio entre os Estados Unidos e Angola totalizou aproximadamente 1,77 mil milhões de dólares, o que tornou o país africano no quarto maior parceiro comercial de Washington na África Subsaariana.
“Vemos Angola como um parceiro estratégico e um líder regional. O nosso relacionamento com Angola transformou-se completamente nos últimos 30 anos, e essa transformação ganhou ritmo nos últimos três anos”, assinalou Frances Brown.
Neste sentido, a directora dos Assuntos Africanos resumiu a viagem de Biden a Angola a três objectivos: “Elevar a liderança dos EUA em comércio, investimento e infra-estrutura em África”; destacar a “liderança regional e a parceria global de Angola num espectro completo de questões urgentes, incluindo comércio, segurança e saúde”; e, por último, destacar a “notável evolução do relacionamento EUA-Angola.”
Do lado angolano, o Presidente João Lourenço salientou a importância da visita não só em termos de investimentos, mas também em investimentos fora do tradicional sector petrolífero.
“O Presidente Joe Biden vem abrir o caminho do investimento privado americano a Angola. Até aqui, o que nós temos vindo a verificar ao longo de décadas é que o investimento americano em Angola está mais virado para o sector petrolífero, e esperamos que, com esta visita, haja uma maior diversificação mesmo”, frisou numa entrevista ao The New York Times.
Questionado se a saída de Biden tira algum significado a esta visita, João Lourenço rejeitou a tese, “porque até 20 de Janeiro do próximo ano, o Presidente americano é o Presidente Joe Biden”, além de que, “nas relações entre Estados, pode haver mudanças das pedras no tabuleiro do xadrez, mas quando as relações são entre Estados, elas têm, em princípio, a garantia de continuidade.”
“Não estamos preocupados com o facto de o Presidente Joe Biden estar em fim de missão”, reiterou, sublinhando que, a partir de Janeiro, não apenas Angola, mas o resto do mundo vai ter de trabalhar com Donald Trump “se quiser manter relações com os Estados Unidos da América”, escusando-se a comentar a futura relação do Presidente eleito com África e as suas políticas.
Fonte: Lusa