O candidato presidencial Venâncio Mondlane anunciou nesta segunda-feira, 2 de Dezembro, a realização de mais uma semana de manifestações pacíficas em todo o País, programada para decorrer de 4 a 11 de Dezembro. Apelidada de “Período Four by Four”, a iniciativa faz parte da quarta etapa de uma série de protestos promovidos pelo político e será concentrada nos bairros de diferentes regiões.
Mondlane destacou que o objectivo é mobilizar amplamente a sociedade e propor acções simbólicas, incluindo a suspensão de voos para Moçambique como sinal de protesto. De acordo com o candidato, as manifestações estão organizadas para permitir que a população se desloque para o trabalho até às 8h00, sendo que entre as 8h00 e as 15h30 todas as actividades que envolvam veículos motorizados deverão ser suspensas.
“Queremos que apenas peões se movimentem nas ruas, e os participantes sem veículos deverão usar cartazes nas suas roupas, enquanto os que possuem viaturas devem fixar mensagens nos carros”, explicou Mondlane durante uma live na sua página oficial do Facebook.
Mondlane incentivou diferentes grupos sociais a participarem de forma expressiva, sugerindo que estudantes desempregados usem togas e que professores e outros profissionais vistam uniformes representativos das suas áreas de formação ou trabalho. Entre as 15h30 e as 16h00, será entoado o hino nacional e o hino de África, num acto que Mondlane descreveu como “símbolo de união e solidariedade entre os moçambicanos.”
À noite, das 21h00 às 22h00, os protestos ganharão novo formato, com apitos e vuvuzelas a substituírem os ‘panelaços’ realizados em acções anteriores. Mondlane apelou ainda ao encerramento de portagens durante aquele período, permitindo o trânsito livre, e solicitou o fecho de sedes do partido Frelimo e de instituições como a Comissão Nacional de Eleições (CNE) e o Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE). Sugeriu ainda o bloqueio de fronteiras como forma de amplificar o impacto das manifestações.
O político recomendou o cancelamento de eventos festivos, incluindo festas de final de ano e o tradicional Réveillon, e reiterou que este não é um momento para celebrações. Adicionalmente, Mondlane aconselhou a suspensão de aulas em escolas primárias e secundárias, pedindo que crianças e adolescentes permaneçam em casa durante a semana. “Quando um povo está em tristeza, o respeito exige que as celebrações sejam suspensas, e que isso sirva como expressão de solidariedade ao momento crítico que atravessamos”, afirmou Mondlane.
O contexto que envolve os protestos é de crescente tensão no País, com relatos de confrontos entre manifestantes e forças policiais. De acordo com Mondlane, as mobilizações são também uma contestação aos resultados das eleições presidenciais realizadas a 9 de Outubro, que, segundo a Comissão Nacional de Eleições (CNE), deram vitória ao candidato da Frelimo, Daniel Chapo, com 70,67% dos votos, enquanto Mondlane obteve 20,32%.
O candidato afirmou não reconhecer os resultados e reafirmou a sua vitória no escrutínio, acrescentando que continuará a exigir uma revisão do processo. Os resultados finais deverão ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional no próximo dia 23 de Dezembro. “Estes protestos são a resposta do povo a uma democracia fragilizada e a uma governação que não reflecte a verdadeira vontade dos moçambicanos”, concluiu Mondlane.
Texto: Felisberto Ruco