A Comissão Europeia apelou nesta terça-feira, 26 de Novembro, à contenção de todas as partes envolvidas no processo eleitoral em Moçambique, lamentando o alastramento da violência e tendo considerado que a “brutalidade da repressão” das manifestações exacerbou a situação, informou a agência Lusa.
Perante o Parlamento Europeu, em Estrasburgo (França), a comissária para a Igualdade, Helena Dalli, disse que a União Europeia pode “falar com franqueza” com o Governo: “Não podemos ficar em silêncio, dada a situação.”
“Desde as eleições no dia 9 de Outubro assistimos ao alastramento da violência, e a brutalidade da repressão pela polícia exacerbou a situação. Lamentamos as mortes nas últimas semanas e o assassinato de dois políticos”, disse Helena Dalli, insistindo que a União Europeia exige uma investigação e “clareza nos factos” sobre os homicídios de Elvino Dias e Paulo Guambe.
Helena Dalli fez um pedido em nome do Executivo de Ursula Von Der Leyen: “É imperativo que todos os lados mantenham a contenção e uma conduta ordeira, é importante que a voz de todos seja ouvida, e o uso desproporcionado de força e a violência perpetrada por todos os lados tem de parar”.
A comissária elucidou que “o processo eleitoral está longe do final” e advertiu que, até depois de ser conhecido o resultado, a União Europeia vai continuar vigilante.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane tem convocado manifestações, que têm degenerado em confrontos com a polícia – que tem recorrido a disparos de gás lacrimogéneo e tiros para dispersar os manifestantes –, para contestar os resultados das eleições gerais de 9 de Outubro anunciados pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE), e que têm de ser ainda validados pelo Conselho Constitucional.
No dia 24 de Outubro, a CNE anunciou a vitória de Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, atribuindo o segundo lugar, com 20,32% dos votos, a Venâncio Mondlane, ex-deputado da Renamo e apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos).
Segundo a Plataforma Eleitoral Decide, pelo menos 67 pessoas morreram e outras 210 foram baleadas nas manifestações do último mês.