O Banco Mundial (BM) e o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) reforçaram a “Missão 300”, um projecto que visa conectar 300 milhões de pessoas na África Subsaariana à electricidade até 2030. A iniciativa visa enfrentar um dos maiores desafios do continente: a pobreza energética. Com mais de 600 milhões de pessoas ainda sem acesso a energia fiável, a missão promete transformar a economia e a vida das populações mais carenciadas.
De acordo com David Malpass, presidente do Banco Mundial, “a pobreza energética é uma das barreiras mais significativas ao desenvolvimento económico de África, e a ‘Missão 300’ representa uma oportunidade única de reverter essa situação.” Malpass enfatiza que a falta de acesso à energia segura e acessível “dificulta não apenas a vida quotidiana, mas impede também o crescimento e a inovação no sector privado.”
A falta de electricidade acessível afecta especialmente as micro, pequenas e médias empresas (MPME), que representam 90% das empresas da região. Sem energia constante e barata, essas empresas enfrentam dificuldades para inovar, aumentar a produtividade e crescer. A “Missão 300” quer colmatar essa lacuna, criando um novo panorama económico para as pequenas empresas africanas.
Segundo Akinwumi Adesina, presidente do BAD, “a electrificação das pequenas empresas é um catalisador vital para a prosperidade económica de longo prazo em África”. O responsável destaca que “sem energia confiável, é impossível aumentar a competitividade das empresas, especialmente as que operam nos sectores mais dinâmicos da economia, como tecnologia e serviços digitais.”
Para as MPME, ter acesso a electricidade fiável pode diminuir custos operacionais e aumentar a competitividade. Sem essa infra-estrutura, muitas empresas recorrem a geradores a gasóleo, uma alternativa cara e poluente que pode consumir até 40% das despesas operacionais em alguns países. Estes custos energéticos elevados reduzem a margem de lucro e dificultam o investimento em crescimento e inovação.
A “Missão 300” pretende corrigir essa instabilidade, proporcionando uma base mais sólida para o desenvolvimento do sector privado no continente. As falhas frequentes de energia e as flutuações de tensão provocam períodos de inactividade que afectam directamente a receita das empresas. A perda de produtividade, associada à insatisfação dos clientes, compromete a sustentabilidade dos negócios.
A iniciativa tem um enorme potencial para transformar o empreendedorismo e gerar empregos, especialmente entre os jovens africanos. A crescente população jovem enfrenta poucas oportunidades de emprego formal, tornando o empreendedorismo uma alternativa vital, pelo que a “Missão 300” pode estimular o surgimento de novos negócios e facilitar a criação de postos de trabalho.
Tanto o BM como o BAD consideram que o projecto, para ser bem-sucedido, tem de reunir o compromisso dos governos africanos, a implementação de reformas políticas e a integração de soluções de energia sustentável nas estratégias nacionais de desenvolvimento. “O apoio das parcerias público-privadas será essencial para mobilizar os recursos necessários para alcançar as metas da missão”, concluíram.
Fonte: Further Africa