O candidato presidencial Venâncio Mondlane não compareceu esta terça-feira, 26 de Novembro, no encontro dos candidatos ao Palácio da Ponta Vermelha (a residência oficial do Presidente da República), marcado por Filipe Nyusi, com o objectivo de discutir e solucionar a actual crise social e política em que o País se encontra.
Durante o encontro, o chefe do Estado explicou que “Venâncio Mondlane não foi expulso do País. Não há motivos para o candidato não estar no território nacional. Se há motivos legais, o candidato poderia ter colocado essa questão para podermos dialogar. Se conhecêssemos o sítio onde ele está, eu teria sugerido a esta equipa para se deslocar até lá. Mas até este momento não sabemos onde o candidato está”, disse, sublinhando: “Vamos esforçar-nos para que ele esteja aqui para dialogar.”
Filipe Nyusi apontou que todos os três participantes do diálogo levantaram a questão da presença de todos para se chegar a um consenso. “Vamos continuar a fazer de tudo para trazer todos para a mesa de diálogo. Vamos também rever o modelo de diálogo que iremos usar, pois poderei começar com o modelo um a um. Já tive encontros com outras forças políticas e queremos que toda a sociedade esteja engajada nos esforços para o diálogo e paz”, vincou. O Presidente destacou que nenhuma das pessoas com que se encontrou quer manifestações violentas. “Ainda ontem dirigi um encontro com uma parte representativa da sociedade e esta disse não querer manifestações violentas. Ninguém quer aproveitamentos no País”, vincou.
Na ocasião, os candidatos presentes (Ossufo Momade, pela Renamo, Daniel Chapo, da Frelimo, e Lutero Simango, do Movimendo Democrático de Moçambique) manifestaram a sua preocupação para com a ausência de Venâncio Mondlane, defendendo que sem ele não se chegará a uma solução. “Gostava de pedir ao Presidente da República que vá directamente ao problema. Há uma razão para o candidato estar ausente do debate, e se nós os três nos reunirmos não estaremos a tratar de nada, porque ele [Mondlane] é o centro do problema. Foi ele que convocou a manifestação e a sua ausência é perigosa, na medida em que queremos coisas sérias e responsáveis”, apontou Ossufo Mamude.
O Presidente da República, Filipe Nyusi, tinha convidado, na terça-feira passada (19), os quatro candidatos presidenciais para uma reunião (incluindo Venâncio Mondlane), aludindo às manifestações violentas pós-eleitorais como responsáveis pelo caos e medo que espalham, fragilizando o País.
Mondlane apelou aos moçambicanos, também na terça-feira, para cumprirem três dias de luto nacional pelas “50 vítimas mortais” nas manifestações pós-eleitorais.
O candidato presidencial contesta a vitória de Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de Outubro pela CNE e que ainda têm de ser validados pelo Conselho Constitucional.