A Associação de Conteúdo Local de Moçambique dispõe de 50 milhões de dólares em garantias do Access Bank para apoiar iniciativas de integração das PME nos grandes projectos. E haverá mais benefícios nos próximos tempos.
O acordo está formalizado: o Access Bank vai apoiar as Pequenas e Médias Empresas (PME) numa parceria com a Associação de Conteúdo Local local de Moçambique (ACLM), uma organização sem fins lucrativos que integra entidades privadas. À luz deste acordo, já estão disponíveis 50 milhões de dólares, destinados a fortalecer as PME e a desenvolver capacidades para entrarem na cadeia de valor gerada por diversos projectos, particularmente na indústria de petróleo e gás. Para o presidente da ACLM, Elthon Tchemane, a instituição pretende servir de ponte entre as PME e o Access Bank, garantindo maior flexibilidade no acesso ao financiamento. Mas o que significa efectivamente este apoio, quer para o banco, quer para as empresas? Em que domínios da actividade empresarial se pretende actuar e até onde poderão estender-se as relações entre o banco e a ACLM? Conheça os detalhes com o director de ‘wholesale banking’ no Access Bank Moçambique, Tarcísio Mahanhe.
O que está na base do interesse do Access Bank em apoiar o desenvolvimento do conteúdo local a favor das PME?
O Access Bank está profundamente comprometido com o crescimento económico sustentável das comunidades moçambicanas. Ao abraçarmos o conteúdo local, reconhecemos a importância de promover o desenvolvimento interno, capacitando as PME e os novos empreendimentos. Vemos o potencial latente no empreendedorismo e na industrialização e queremos proporcionar os recursos financeiros e de capacitação institucional necessários para que essas empresas prosperem. Acreditamos que, ao investir no conteúdo local, podemos criar uma base sólida para um futuro económico mais equitativo e próspero para todos os moçambicanos.
A estratégia do banco será apenas através de desembolsos financeiros ou prevê outras modalidades?
Temos estado a desenvolver instrumentos financeiros inovadores que facilitam o acesso a empréstimos com redução de risco, permitindo que os empreendedores locais possam investir nos seus negócios, sem obstáculos financeiros tradicionais (que incluem altas taxas de juro). Além disso, estamos a implementar programas de literacia financeira e capacitação institucional que visam melhorar a gestão financeira das PME. Isto inclui iniciativas de capacitação e ligação aos grandes projectos, que tornarão os nossos serviços mais acessíveis e o retorno sobre os investimentos mais efectivo. Em colaboração com a ACLM, garantiremos que todas as nossas acções estejam alinhadas com os padrões da indústria.
Que ganhos o banco prevê alcançar com esta iniciativa?
Esperamos que esta iniciativa resulte num crescimento económico tangível para as comunidades locais. Ao reduzir assimetrias e criar um ambiente mais favorável para as PME, acreditamos que podemos impulsionar um círculo virtuoso de desenvolvimento. O sucesso das PME traduz-se em mais empregos, inovação e num aumento na qualidade de vida, o que, por sua vez, beneficia o banco através de um mercado mais dinâmico, resiliente e sustentável.
Mas esta não é uma acção com um prazo limite?
É um compromisso a médio e longo prazo. Não se trata de uma solução momentânea, mas sim de um investimento sustentado no futuro de Moçambique. Queremos ser parte integrante do desenvolvimento económico do País, promovendo uma transformação real e duradoura que beneficie as próximas gerações.
Em que assenta, especificamente, o acordo com a Associação de Conteúdo Local de Moçambique? O acordo com a ACLM baseia-se numa colaboração estreita para garantir que todas as iniciativas neste domínio sejam eficazes. A ACLM fornecerá dados valiosos e contributos sobre beneficiários elegíveis, requisitos das cadeias de valor, bem como sobre a ligação com os diversos intervenientes, ajudando-nos a desenhar programas que realmente atendam às necessidades das comunidades. Esta parceria é fundamental para assegurar que os nossos esforços tenham impacto.
Como é que as empresas poderão aceder ao fundo?
Numa primeira fase, as PME localizadas na província de Cabo Delgado poderão aceder ao fundo inscrevendo-se junto ao Conselho Executivo Provincial ou da ACLM. Esperamos, em breve, expandir o projecto para as outras províncias, alargando o número de parceiros e, por conseguinte, os pontos de acesso para os beneficiários.
Texto: Nário Sixpene • Fotografia D.R