O Presidente cabo-verdiano apelou esta quinta-feira, 21 de Novembro, ao diálogo entre as diferentes candidaturas e partidos em Moçambique para que termine a violência pós-eleitoral no País.
“Neste momento, o caso está nos tribunais e espero que dirimam os conflitos, esclareçam as dúvidas e que os partidos políticos e diferentes candidaturas possam dialogar entre si e encontrar as pontes, entendimentos e acordos necessários para a manutenção da paz e tranquilidade”, referiu José Maria Neves.
O estadista cabo-verdiano respondia a jornalistas à margem de um evento público no Palácio da Presidência, na cidade da Praia.
O governante caracterizou a situação como “muito tensa, com manifestações quase diárias, cerca de meia centena de mortes, quase 200 presos e perto de 800 feridos”, pelo que apelou a que haja “contenção, serenidade e, sobretudo, diálogo entre as principais forças políticas.”
Devido ao cenário, o Presidente cabo-verdiano disse que tem estado em contacto com responsáveis pela comunidade cabo-verdiana em Moçambique. “Está tranquila, não tem sido afectada pela crise e apelei no sentido de manterem a serenidade, longe de manifestações, respeitando as instituições e recomendações das autoridades, para que não haja qualquer tensão ou conflito com cabo-verdianos em Moçambique”, disse.
José Maria Neves referiu ainda que tem havido crises pós-eleitorais e rupturas constitucionais em vários países africanos, situação que “deve chamar a atenção dos governantes e dos partidos políticos para que, num primeiro momento, haja integridade das eleições. Isso é extremamente importante. E que haja também o reconhecimento dos resultados.”
“Estas situações mostram-nos que devemos agir no sentido de respeitar escrupulosamente as regras do jogo e devemos investir no reforço das instituições democráticas. Se tivermos instituições fortes e inclusivas, teremos eleições justas e transparentes, aceitação das regras do jogo e respeito pelos resultados eleitorais”, concluiu.
O Presidente da República, Filipe Nyusi, convidou, na terça-feira (19), os quatro candidatos presidenciais para uma reunião, incluindo Venâncio Mondlane, e disse que as manifestações violentas pós-eleitorais instalam o “caos” e que “espalhar o medo pelas ruas” fragiliza o País.
Venâncio Mondlane apelou aos moçambicanos, também na terça-feira, para cumprirem três dias de luto nacional pelas “50 vítimas mortais” nas manifestações pós-eleitorais.
Mondlane contesta a vitória de Daniel Chapo, candidato apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, no poder), com 70,67% dos votos, segundo os resultados anunciados em 24 de Outubro pela CNE e que ainda têm de ser validados pelo Conselho Constitucional.