O Maláui, um país sem litoral no Sudeste de África, enfrenta um cenário económico desafiador, marcado por uma inflação elevada, uma moeda instável e uma grande dependência das importações agrícolas. Apesar destes obstáculos, existem sinais de resiliência na economia, que, se acompanhados por uma gestão orçamental e monetária cuidadosa, poderão sustentar o crescimento a longo prazo.
A inflação continua a ser um problema grave, atingindo 34,3% em Setembro, ligeiramente superior aos 33,9% de Agosto. O aumento dos preços alimentares foi o principal factor que causou este valor, com a inflação alimentar a registar 43,5%. Como o Maláui depende fortemente das importações agrícolas, o aumento dos preços dos alimentos representa um desafio contínuo, cenário que impacta directamente o poder de compra das famílias e agrava as pressões inflacionárias em toda a economia.
Além da inflação, o país enfrenta uma situação delicada em relação à sua moeda, o kwacha, que, embora se tenha mostrado estável em relação ao dólar americano, continua a ser volátil em relação a outras moedas importantes, como a libra esterlina e o euro.
A instabilidade cambial representa um desafio adicional para a economia, principalmente porque o Maláui depende fortemente das importações para suprir as suas necessidades internas. Essa dependência torna as flutuações cambiais ainda mais impactantes, dificultando a gestão dos custos de importação e a atracção de investimentos estrangeiros.
De acordo com o relatório mensal do Banco de Reserva do Maláui (RBM) de Setembro de 2024, um ponto positivo foi o aumento das reservas de divisas, que alcançaram 560,3 milhões de dólares, valor suficiente para cobrir cerca de dois meses de importações. Embora a quantidade seja limitada, ela oferece uma protecção modesta contra choques externos. No entanto, o relatório destaca que as reservas ainda são insuficientes para garantir uma segurança duradoura face a eventuais crises económicas globais.
A manutenção da estabilidade do kwacha será fundamental para controlar os custos das importações e atrair investimentos estrangeiros, ambos essenciais para a saúde económica do Maláui. O documento também alerta para a necessidade de uma gestão fiscal cuidadosa – o país deve equilibrar as exigências de gastos públicos com a necessidade de investimentos em áreas estratégicas, como a agricultura.
O relatório indica ainda que o sector agrícola, com grande potencial de crescimento, pode ser crucial para a recuperação económica do Maláui. Investir em cadeias de abastecimento e aumentar a produtividade agrícola pode não apenas melhorar a segurança alimentar, mas também gerar receitas de exportação.
Fonte: Nyasa Times