A República de Angola deverá produzir 1,2 milhão de toneladas de arroz anualmente para garantir a autossuficiência na produção deste cereal. De acordo com o presidente da Associação Agro-pecuária de Angola (AAPA), Wanderley Ribeiro, actualmente a produção nacional está fixada em 40 mil toneladas.
“Quando fazemos a comparação de 40 mil toneladas de arroz que produzimos com 1,2 milhão de toneladas que precisamos de produzir, percebemos o quão distante estamos daquilo que é efectivamente a nossa capacidade de abastecer o nosso país”, avançou Ribeiro durante a conferência sobre “Financiamento de Cadeias Produtivas Agrícolas e Segurança Alimentar”, organizada pela Associação de Bancos de Angola.
Para atingir a meta de 1,2 milhão de toneladas de arroz, seriam necessários cerca de 300 mil hectares e outras condições produtivas que, segundo o presidente da AAPA, ainda estão longe da realidade actual. Ribeiro explicou que, das 40 mil toneladas produzidas no país, apenas metade chega ao mercado.
“Nós importamos arroz descascado e produzimos 40 mil toneladas de arroz em casca. A cada 100 quilos, só o equivalente a 50% é arroz que se consegue consumir, o resto é casca, farelo e outros produtos”, referiu.
No ano passado, Angola gastou 223,1 milhões de dólares na importação de arroz, representando uma redução de 39% em relação a 2022, segundo dados avançados pelo jornal Expansão, com base em números da Administração Geral Tributária (AGT) relativos ao Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações (PRODESI). Esse valor permitiu a entrada de 339 mil toneladas de arroz, menos 206,6 mil toneladas do que no ano anterior.
Apesar da redução nas importações, o país ainda depende da compra externa para suprir as 500 mil toneladas de arroz consumidas anualmente, conforme informou Domingos Veloso, director nacional das Florestas. Para mitigar a escassez, o Ministério da Indústria e Comércio (MINDCOM) autorizou, em Maio, a importação de 240 mil toneladas de arroz até ao final do ano, envolvendo nove empresas, na maioria com capitais indianos.
A medida, segundo um comunicado do MINDCOM, tem como objectivo assegurar a segurança alimentar e proteger a produção nacional de Angola contribuindo para o crescimento do sector agrícola.
Fonte: Expansão