O presidente da Associação de Pequenos Importadores Informais de Moçambique, Sudekar Novela, alertou que o País poderá enfrentar escassez de alguns produtos de primeira necessidade durante os próximos dias, situação que poderá intensificar-se na quadra festiva que se aproxima, caso as manifestações e paralisações se prolonguem por mais tempo.
Numa informação divulgada pelo jornal O País, o responsável explicou que, de momento, os comerciantes deparam-se com dificuldades para movimentar mercadorias dos países vizinhos para Moçambique e vice-versa, frisando que o encerramento da fronteira de Ressano Garcia trouxe perdas a vários níveis.
“Registámos prejuízos enormes relacionados com a falta de clientes e deterioração dos produtos nos mercados. Nos próximos dias, faremos o levantamento para sabermos mais ou menos quanto dinheiro perdemos por causa desta situação”, explicou.
Novela alertou que a situação não pode continuar por mais tempo, havendo necessidade de se criar um espaço apropriado para o diálogo para ultrapassar este cenário, de modo que se garanta a existência de stocks suficientes e em tempo útil para fazer face à quadra festiva.
Nesta quarta-feira, 13 de Novembro, manifestantes voltaram a ocupar a Estrada Nacional Número 4 (N4), junto à fronteira de Ressano Garcia, impedindo a circulação na maior travessia terrestre entre Moçambique e África do Sul, no âmbito dos protestos convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
A fronteira, a cerca de 90 quilómetros de Maputo, reabriu totalmente no sábado, 9 de Novembro, após confrontos provocados por manifestantes que condicionaram a passagem durante uma semana, o que levou a um reforço policial no perímetro da fronteira.
“Vamos manifestar-nos nas fronteiras, nos portos e nas capitais provinciais. Em todas as 11 capitais provinciais vamos paralisar todas as actividades para que percebam que o povo está cansado”, apelou Venâncio Mondlane, numa transmissão em directo na sua conta oficial na rede social Facebook.
O candidato destacou que a quarta etapa de manifestações terá “várias fases”. “Durante três dias vamos manifestar-nos. Depois faremos uma pausa. Pedimos a concentração da população de todos os distritos. Os protestos devem ser alargados aos portos e às fronteiras do País e aos corredores de transporte que ligam estas infra-estruturas. Apelamos à adesão dos camionistas”.
“Com estas manifestações, acompanhadas pelas paralisações da actividade económica, constatámos que os sectores do comércio, logística e transporte foram os mais afectados, sendo que as perdas totalizaram 24,8 mil milhões de meticais (354 milhões de euros), o equivalente a cerca de 2,2% do nosso Produto Interno Bruto”, declarou o presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Agostinho Vuma.