Uma pesquisa feita pela plataforma de currículos Resume Genius mostra que a geração Z ou simplesmente Gen Z é a mais difícil de liderar. Por isso, seis em cada dez empresas nos EUA ‘desligaram’ jovens recém-contratados desde o início do ano.
É fácil olhar para eles, com os seus telemóveis e redes sociais, e dizer que são preguiçosos, privilegiados ou desconectados da realidade. Mas, se analisar mais a fundo, perceberá que a geração Z traz um conjunto completamente novo de habilitações e preferências de trabalho para a mesa, que, se forem valorizadas, são diferenças que podem beneficiar a sua empresa mais do que se imagina.
São nativos digitais e adeptos das novas tecnologias
A Geração Z cresceu com telemóveis, redes sociais e Internet na palma da mão, o que os torna altamente adeptos do uso de novas tecnologias – uma habilitação essencial para ter sucesso no futuro do trabalho. Muitos deles dominam novos softwares, plataformas ou ferramentas sem muito treino prévio. Estima-se que 74% da Geração Z tenha a ambição de aprender novas habilidades e desenvolver-se profissionalmente, segundo o LinkedIn.
Geralmente gostam, e são bem-sucedidos, quando recebem uma tarefa que envolva justamente estar com os seus telemóveis, o que pode incluir fazer pesquisas de mercado sobre concorrentes, interagir com clientes ou influenciadores que podem tornar-se parceiros da marca e aumentar a visibilidade da empresa em redes como Instagram, TikTok e LinkedIn.
Os jovens também conseguem encontrar soluções inovadoras rapidamente para desafios técnicos e tendem a ser excelentes em pesquisar e encontrar respostas de forma independente online, o que pode reduzir perguntas e atrasos que consomem tempo.
Têm muito a ensinar sobre o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal
Ao contrário dos Millennials e da Geração X (frequentemente elogiados por serem workaholics), os profissionais da Geração Z valorizam o seu tempo livre. Querem manter um equilíbrio saudável entre a vida profissional e pessoal, e por isso valorizam ambientes de trabalho flexíveis.
Pode notar que esta geração é rápida em pedir opções de trabalho remoto ou questionar horários muito rígidos. Um relatório da Deloitte, uma das maiores empresas de auditoria no mundo, mostra que 75% prefere um emprego que ofereça total flexibilidade a outro com salário mais alto.
A procura da Geração Z por esse equilíbrio reflecte uma definição saudável de limites, que pode levar a uma maior produtividade a longo prazo. Ao respeitar essa necessidade, pode reduzir o esgotamento e a rotatividade, além de construir uma equipa mais motivada. O foco destes profissionais na saúde mental também pode ajudar a promover uma cultura de trabalho mais empática e solidária, o que beneficia todos.
Cabe, portanto, aos líderes implementar alguma flexibilidade sempre que possível. Considere opções de trabalho híbrido, horários flexíveis ou iniciativas de bem-estar para mostrar que entende a importância desse equilíbrio. Tal não significa baixar os padrões, mas sim criar um ambiente onde os funcionários possam prosperar enquanto mantêm a sua saúde mental em dia.
Valorizam a diversidade
A Geração Z é uma grande defensora da diversidade e inclusão. Espera que os ambientes de trabalho não apenas falem sobre o tema, mas também implementem activamente políticas que reflictam esses valores. Esta geração não tem medo de desafiar o status quo ou fazer perguntas difíceis sobre as práticas éticas de uma empresa.
Este foco leva a um ambiente de trabalho mais dinâmico e inovador. Estudos mostram que equipas diversas têm melhor desempenho e são mais criativas na resolução de problemas complexos. A pressão da Geração Z pela inclusão pode ajudar a construir uma cultura organizacional mais forte e resiliente que atraia os melhores talentos e se mantenha alinhada com as expectativas dos consumidores.
Certifique-se de incentivar os seus funcionários da Geração Z a liderar iniciativas de DEI (diversidade, equidade e inclusão) e participar em comités focados no tema. Dê espaço para as suas vozes nas conversas sobre políticas do ambiente de trabalho e seja transparente sobre como planeia abordar os desafios de DEI. Isto não apenas fará com que se sintam valorizados, como melhorará também a cultura e o desempenho geral da organização.
Questionam as decisões
Se os seus funcionários mais jovens estão a questionar o “porquê” por detrás das decisões da empresa, não é porque sejam difíceis ou rebeldes. A Geração Z prioriza o propósito e o impacto social, para além de marcadores tradicionais de sucesso, como salário ou cargos (apesar de também valorizarem estes últimos). São motivados por empresas que se alinham com os seus valores pessoais e querem ver que o seu trabalho contribui para algo maior.
O lado positivo é que pessoas motivadas por um propósito tendem a ser mais engajadas e produtivas. Quando os profissionais da Geração Z acreditam na missão da empresa, são mais propensos a assumir a responsabilidade por projectos, colaborar efectivamente e permanecer leais à organização. Alinhar os objectivos empresariais com uma causa maior também pode melhorar a reputação da marca da sua empresa e ajudar a atrair clientes socialmente conscientes e grandes talentos.
Conseguem trabalhar bem sozinhos e com os outros
Os profissionais da Geração Z valorizam a colaboração, mas não querem ser ‘microgeridos’. Estão disponíveis para trabalhar em equipas, mas também se sentem confortáveis em actuar de forma independente e resolver problemas por conta própria. Procuram orientação, mas também pedem autonomia assim que entendem as expectativas.
Encontrar o equilíbrio certo entre colaboração e independência é essencial para que possam oferecer novas ideias e soluções inovadoras sem precisar de supervisão constante. Este nível de autonomia pode dar tempo aos gerentes para se concentrarem em questões de maior importância.
Em vez de bater de frente com esta geração e tentar forçá-los a ser o profissional que foi aos 25 anos, valorize os seus talentos únicos e pode descobrir que estes são exactamente os agentes de mudança de que a sua empresa precisa.
Fonte: Forbes Brasil