A Bolsa de Valores de Moçambique (BVM) estabeleceu como meta para 2028 quase duplicar o número de empresas cotadas, passando de 16 para 30, e aumentar a capitalização bolsista para o equivalente a 35% do Produto Interno Bruto (PIB), num esforço para fortalecer o mercado de capitais e impulsionar o crescimento da economia real, tal como informou a Lusa.
As metas foram definidas no novo plano estratégico da BVM para o período 2024-28, conforme explicou o presidente do conselho de administração da instituição, Salim Valá. Actualmente, a capitalização bolsista da BVM representa cerca de 28,54% do PIB, e a inclusão de mais empresas no mercado é vista como uma das principais vias para elevar este valor, contribuindo para o financiamento da economia nacional e atraindo mais investidores.
O novo plano estratégico traça ainda como objectivo quase duplicar o número de titulares registados na Central de Valores Mobiliários (CVM), passando dos actuais 26 305 para cerca de 50 mil investidores até 2028. Valá salientou que estas metas são alcançáveis com o esforço conjunto de todos os intervenientes do ecossistema financeiro, aproveitando a experiência e as lições acumuladas ao longo dos 26 anos de existência da BVM.
“Temos a convicção de que o sistema financeiro pode ser galvanizado por um mercado de capitais que incentive o investimento produtivo a médio e longo prazo, promova a boa governação corporativa e estimule a poupança e os investimentos em títulos cotados”, destacou o responsável. Valá sublinhou também a importância da BVM enquanto “centro de negócios ético e barómetro efectivo da economia moçambicana”.
O plano estratégico da BVM é alicerçado em cinco pilares fundamentais: dinamização dos mercados accionista e obrigacionista, modernização tecnológica, desenvolvimento de novos produtos e serviços financeiros, promoção de um quadro normativo robusto e fortalecimento da capacidade institucional.
Entre as metas operacionais, a BVM pretende atrair empresas de diversas dimensões e sectores de actividade, com um perfil de gestão ética e lucrativa, ao mesmo tempo que visa captar tanto investidores nacionais como estrangeiros. Para tal, planeia desenvolver mecanismos inovadores que aumentem o volume de negociação e a liquidez do mercado, através da introdução de novos produtos financeiros.
Outro dos objectivos será o reforço da infra-estrutura tecnológica, procurando alinhar as plataformas de negociação da BVM e da CVM com padrões internacionais, o que permitirá agilizar a tramitação de negócios e melhorar a interligação com outras bolsas da região. Valá referiu ainda que está prevista a aquisição de um edifício próprio para a BVM, visando adequar o espaço físico ao crescimento projectado da bolsa.
Dados recentes da BVM indicam que, no primeiro semestre de 2024, a capitalização bolsista registou um crescimento homólogo de quase 11%, atingindo um valor equivalente a 28,6% do PIB. Durante este período, o volume de negócios na bolsa aumentou em 102,2%, passando a 16,6 mil milhões de meticais.
Mesmo mantendo o número de acções cotadas em 16, a BVM viu crescer o número de emissões de dívida corporativa e outros títulos, contribuindo para um financiamento total à economia que, até ao final do semestre, rondava os 338,7 mil milhões de meticais. Este crescimento, segundo a instituição, é um indicador positivo da confiança no mercado de capitais nacional.
A BVM acredita que, ao implementar o seu plano estratégico, conseguirá consolidar a sua posição como instituição de referência no mercado financeiro moçambicano, ampliando o seu impacto na economia e no desenvolvimento de um mercado de capitais sólido e inclusivo.