O Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) está a conduzir uma agenda transformadora para mobilizar o financiamento do clima para África e introduzir formas inovadoras de avaliar as economias africanas, integrando a sua “riqueza verde”. Esta iniciativa visa redefinir a forma como as contribuições ambientais do continente africano, como o sequestro de carbono e os recursos naturais, são valorizadas, oferecendo uma representação mais precisa do potencial económico de África.
O continente africano enfrenta um défice significativo de financiamento climático, recebendo apenas 3% dos fundos globais para o clima, apesar de albergar nove dos dez países mais vulneráveis ao mesmo. Na COP29, o BAD está a defender uma métrica recalibrada do Produto Interno Bruto (PIB) que tenha em conta os activos naturais, como as florestas e os sumidouros de carbono.
As estimativas preliminares sugerem que o ajustamento do sequestro de carbono por si só poderia aumentar o PIB nominal de África em 66,1 mil milhões de dólares, com os países da Bacia do Congo a representarem 64% deste aumento. O presidente do BAD, Akinwumi Adesina, sublinhou que esta recalibração poderia proporcionar às nações africanas um maior espaço fiscal para aceder ao financiamento e investir no crescimento verde.
Os principais debates na COP29 incluem a sessão da Janela de Acção Climática do BAD, centrada na mobilização de recursos para as comunidades africanas vulneráveis. Esta iniciativa, no âmbito do seu 16.º ciclo de reaprovisionamento, procura resolver a disparidade do financiamento climático, colmatando a lacuna com apoio direccionado. Outro destaque é o lançamento do relatório “Medir a Riqueza Verde das Nações Africanas”, que fornecerá um quadro abrangente para avaliar os activos naturais de África e a sua contribuição para a saúde ambiental global.
A conferência contará também com eventos de alto nível, como a Missão 300, uma parceria com o Banco Mundial para ligar 300 milhões de africanos à electricidade até 2030, e um evento paralelo organizado pela União Africana e pela Tanzânia sobre soluções de cozinha limpa. Estes debates têm como objectivo mobilizar a liderança política e parcerias inovadoras para enfrentar os prementes desafios climáticos e energéticos do continente. Ao posicionar-se como líder em inovação ecológica e resiliência climática, África está a traçar um novo caminho para o desenvolvimento sustentável e uma maior influência nas negociações globais sobre o clima.
Fonte: Further Africa