Joni Swalbach é um empresário moçambicano com a vida enraizada na música. Faz parte de uma das bandas mais antigas e prestigiadas de Moçambique – os Ghorwane – e trabalha noutras áreas do mundo musical. À conversa com a E&M, diz que, para quem trabalha na área, um dos maiores problemas é a falta de espaços para tocar ao vivo.
A jornada no mundo musical
Joni entrou na música muito novo. Com 7 anos de idade, começou a frequentar aulas de piano e, já no ensino médio, pelos 16 anos, formou uma banda de rock com amigos, numa altura em que também passou a estudar piano de forma mais séria.
Quando tinha 18 anos, passou a tocar com o então grupo RM, que tinha como integrantes músicos como Mingas, Chico António, Wazimbo, entre outros. “Estas pessoas foram a minha maior influência musical, naquela altura”, revela Joni.
Em 1993, a carreira musical tomou um novo rumo ao integrar a banda Ghorwane, uma das mais tradicionais e respeitadas de Moçambique. Em 1995, conseguiu uma bolsa para uma licenciatura em música, no Brasil, onde permaneceu até 1999. Mais tarde, em 2001, mudou-se para Londres para realizar um mestrado em Etnomusicologia. Após o curso, voltou a Moçambique e foi professor na Universidade Eduardo Mondlane, mas não permaneceu no lugar por mais de dois anos. Sentiu que a sua vocação estava fora da academia.
Joni compôs as músicas da banda sonora de vários filmes moçambicanos. “Não posso dizer de todos, mas fiz as trilhas dos grandes filmes de realizadores como Sol de Carvalho e Licínio de Azevedo”, referiu.
Na sua carreira, um dos marcos mais significativos foi a colaboração com o cantor (recentemente falecido) Chico António. “Levou-me de um patamar de amizade, para um mundo profissional. Esse foi o meu primeiro passo. Ainda era muito novo, não tinha nem 20 anos. O segundo passo foi entrar na banda Ghorwane, uma banda gigante com uma grande projecção internacional. E foi trabalhar na banda sonora do filme ‘Comboio de Sal’ e Açúcar’, talvez o maior filme já produzido em Moçambique”.
Avanços da música moçambicana
Como em qualquer área de actuação, o mundo da música apresenta desafios. Actualmente, Joni indica que o principal problema é a escassez de espaços para os artistas tocarem ao vivo. “Entre 1990 e 2000, havia muito mais oportunidades. Para as centenas de pessoas que vivem disto, deveria haver espaços para se apresentarem diariamente. Um artista não pode viver de um único espectáculo por mês. Aqueles que realmente dependem da música enfrentam grandes dificuldades”, afirma.
Apesar dos obstáculos, Joni indica que a quantidade de artistas profissionais aumentou muito e a qualidade melhorou drasticamente. “Hoje temos artistas que acompanham estrelas internacionais de outros países: sul-africanos, angolanos, portugueses ou cabo-verdianos. Há muito mais músicos formados e acredito que isso é essencial. Antigamente, quando eu era miúdo, não havia nenhuma escola e as pessoas aprendiam a tocar com amigos”.
Contribuições para o cenário musical
Actualmente, Joni Swalbach ocupa-se com a composição, além de trabalhos na Ekaya Produções, que ele próprio criou. Swalbach é também embaixador da música moçambicana pelo mundo. O músico participa em feiras internacionais carregando diversas produções nacionais.
A Ekaya é organizadora do Mozambique Music Meeting, um festival de música para promoção do que é feito no País, cuja última edição decorreu em 2019. O evento incorpora diversos elementos da cultura moçambicana: dança, artes plásticas, fotografia, gastronomia e artesanato.
O evento atraiu responsáveis pelo mundo da música de vários países. Em 2018 e 2019 chegou a reunir cerca de 81 agentes musicais.
Texto: Filomena Bande