A Organização não-governamental (ONG) “Plataforma Eleitoral Decide” denunciou esta quarta-feira, 13 de Novembro, a morte de, pelo menos, seis pessoas durante a manhã na província de Nampula. Outras nove ficaram detidas em Manica em confrontos entre manifestantes e a polícia.
Segundo dados divulgados no levantamento feito por aquela plataforma que monitoriza o processo eleitoral, pelo menos oito pessoas foram igualmente baleadas na província de Nampula, também em tumultos entre as autoridades policiais e manifestantes.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane pediu um novo período de manifestações nacionais no País, durante três dias, a partir desta quarta-feira, 13 de Novembro, em todas as capitais provinciais, incluindo Maputo, contestando o processo eleitoral.
“Vamos manifestar-nos nas fronteiras, nos portos e nas capitais provinciais. Vamos paralisar todas as actividades para que percebam que o povo está cansado”, apelou na segunda-feira (11) Venâncio Mondlane, sobre a “quarta etapa” de contestação ao processo das eleições gerais de 9 de Outubro.
Segundo a Lusa, trata-se de um protesto que o candidato presidencial pediu para ser alargado aos portos e às fronteiras do País, e aos corredores de transporte que ligam estas infra-estruturas, apelando à adesão dos camionistas: “Não obrigamos ninguém a aderir à manifestação. Passamos os valores da manifestação e quem quiser adere”.
O comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, disse na terça-feira (12) ser preciso um “basta” às manifestações e paralisações, referindo que são “terrorismo urbano” com intenção de alterar a ordem constitucional.
“Urge dizer basta às manifestações violentas com tendência de sabotagem de grandes empreendimentos que o País conquistou durante a independência e que são a esperança da geração vindoura”, declarou Bernardino Rafael.
Os empresários nacionais estimaram na terça-feira (12) em 24,8 mil milhões de meticais os prejuízos causados em dez dias de paralisações e manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, com 151 unidades empresariais vandalizadas.
“Com estas manifestações acompanhadas pelas paralisações da actividade económica, constátamos que os sectores de comércio, logística e transporte foram os mais afectados, sendo que as perdas totais e impacto no PIB (Produto Interno Bruto) totalizaram 24,8 mil milhões de meticais (354 milhões de euros), que são cerca de 2,2% do nosso PIB”, declarou o presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Agostinho Vuma.
O Ministério Público (MP) já instaurou 208 processos-crime para responsabilizar os autores “morais e materiais” da violência nas manifestações pós-eleitorais, anunciou também na terça-feira (12) a Procuradoria-Geral da República (PGR), responsabilizando o candidato presidencial Venâncio Mondlane.
A PGR refere que, “no âmbito das suas competências constitucionais e legais, tem estado a instaurar processos judiciais, visando a responsabilização criminal dos autores morais, materiais e cúmplices destes actos”.
“Foram desencadeados, até ao momento, 208 processos-crime, nos quais se investiga homicídios, ofensas corporais, danos, incitamento à desobediência colectiva, bem como a conjuração ou conspiração para prática de crime contra a segurança do Estado e alteração violenta do Estado de direito”, lê-se no comunicado do Ministério Público.