Manifestantes ocuparam nesta quarta-feira, 13 de Novembro, a Estrada Nacional Número 4 (N4), junto à fronteira de Ressano Garcia, impedindo a circulação na maior travessia terrestre entre Moçambique e África do Sul, no âmbito dos protestos convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
A fronteira, a cerca de 90 quilómetros de Maputo, reabriu totalmente no sábado, 9 de Novembro, após confrontos provocados por manifestantes que condicionaram a passagem durante uma semana, o que levou a um reforço policial no perímetro da fronteira. A situação resultou em perdas económicas estimadas em 400 milhões de meticais, de acordo com informações avançadas pelo porta-voz da Autoridade Tributária de Moçambique, Fernando Tinga.
“O fecho da fronteira impactou negativamente a economia do País, particularmente no sector do comércio. Muitos estabelecimentos comerciais foram obrigados a encerrar, e alguns enfrentaram escassez de produtos, especialmente os que dependem de importações através da fronteira de Ressano Garcia”, afirmou o porta-voz.
“Vamos manifestar-nos nas fronteiras, nos portos e nas capitais provinciais. Em todas as 11 capitais provinciais vamos paralisar todas as actividades para que percebam que o povo está cansado”, apelou Venâncio Mondlane, numa transmissão em directo na sua conta oficial na rede social Facebook.
Mondlane destacou que a quarta etapa de manifestações terá “várias fases”. “Durante três dias vamos manifestar-nos. Depois faremos uma pausa. Pedimos a concentração da população de todos os distritos. Os protestos devem ser alargados aos portos e às fronteiras do País e aos corredores de transporte que ligam estas infra-estruturas. Apelamos à adesão dos camionistas”.
Em reacção, o comandante-geral da Polícia da República de Moçambique (PRM), Bernardino Rafael, disse na terça-feira (12) ser preciso um “basta” às manifestações e paralisações, referindo que se trata de “terrorismo urbano” com intenção de “alterar a ordem constitucional”.
“Urge dizer basta às manifestações violentas com tendência de sabotagem de grandes empreendimentos que o País conquistou durante a independência e que são a esperança da geração vindoura”, declarou.
“Com estas manifestações acompanhadas pelas paralisações da actividade económica, constatámos que os sectores do comércio, logística e transporte foram os mais afectados, sendo que as perdas totalizaram 24,8 mil milhões de meticais (354 milhões de euros), o equivalente a cerca de 2,2% do nosso Produto Interno Bruto”, declarou o presidente da Confederação das Associações Económicas de Moçambique (CTA), Agostinho Vuma.