Moçambique registou perdas económicas estimadas em 24,5 mil milhões de meticais durante dez dias de paralisações e manifestações que contestam os resultados das eleições gerais de 9 de outubro. Os dados são apresentados pelo Centro de Integridade Pública (CIP), organização não-governamental moçambicana, que calcula os prejuízos como correspondendo a cerca de 2% do Produto Interno Bruto (PIB) de 2024.
O levantamento do CIP detalha que as paralisações, convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, afectaram diversos sectores económicos, principalmente comércio, transportes, serviços de reparação e alojamento, com perdas de 14,9 mil milhões de meticais, equivalentes a 61% do impacto total estimado.
Mondlane, que não reconhece a vitória de Daniel Chapo, candidato da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), incentivou manifestações em Maputo e noutras cidades, sendo várias delas violentas, resultando em mortos, feridos, detenções e destruição de infra-estruturas e negócios.
O protesto de 7 de Novembro, particularmente, causou o caos na capital, com barricadas e confrontos intensos entre manifestantes e forças de segurança.
O CIP alerta ainda que, quando somadas ao custo do processo eleitoral, avaliado em 19 mil milhões de meticais, as perdas totais deste ciclo eleitoral podem ultrapassar 3% do PIB moçambicano, tornando-o o mais dispendioso da história do País.
A organização recomenda que o Tribunal Administrativo conduza uma auditoria independente para garantir que os dados das perdas económicas sejam precisos e fundamentados, contribuindo para a formulação de políticas públicas adequadas.
“Num período de crise, é essencial relatar as perdas com transparência e equilíbrio, para manter a confiança do público e dos investidores”, sublinhou o CIP, que acrescenta que a contínua instabilidade poderá ter impactos negativos prolongados na economia moçambicana.
As manifestações devem continuar até que as alegações de fraude eleitoral sejam resolvidas, segundo Mondlane, que prometeu manter a pressão nas ruas em defesa do que considera ser a “verdade eleitoral”.