Empresários do sector turístico alertaram que as recentes manifestações e paralisações em todo o País, convocadas em protesto pelos resultados das eleições presidenciais, estão a resultar no cancelamento de reservas turísticas e a afectar gravemente a confiança dos visitantes internacionais em relação a Moçambique, tal como informou a Lusa.
De acordo com Muhammad Abdullah, responsável pelo pelouro da Hotelaria, Restauração e Turismo na Confederação das Associações Económicas (CTA), a instabilidade gerada pelas manifestações tem prejudicado a imagem do País como destino turístico seguro, levando muitos visitantes a reverem os seus planos de viagem.
“Esta situação é prejudicial para o País, para a economia e especialmente para o turismo, pois estamos a observar cancelamentos completos de reservas, o que compromete o índice de confiança dos turistas”, declarou Abdullah.
Os protestos, que envolveram bloqueios de estradas, destruição de infra-estruturas e confrontos entre manifestantes e forças de segurança, afectaram tanto a capital, Maputo, como outras regiões, gerando preocupação entre operadores turísticos e investidores.
Abdullah frisou que o impacto económico destas acções é elevado e que, embora ainda seja “prematuro” contabilizar os prejuízos totais, a quebra na confiança dos turistas exigirá um esforço de marketing significativo para recuperar a imagem do País. “No turismo, a confiança do visitante é essencial e, após situações de instabilidade, leva tempo a ser restaurada”, acrescentou.
A CTA estima que, com as manifestações anteriores realizadas em Outubro e a mais recente paralisação de sete dias, as perdas para o sector económico moçambicano ultrapassem os 3 milhões de meticais, além de deixarem milhares de trabalhadores desempregados devido aos danos em estabelecimentos comerciais e turísticos.
A incerteza política foi desencadeada após a divulgação dos resultados eleitorais pela Comissão Nacional de Eleições (CNE), que declarou Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), como vencedor com 70,67% dos votos. O candidato da oposição, Venâncio Mondlane, que obteve 20,32%, não reconheceu os resultados e convocou a população para uma série de manifestações, alegando fraude eleitoral.
Com as tensões ainda em alta e as manifestações previstas para continuarem, o sector turístico e outros segmentos económicos temem o prolongamento das perdas e o impacto na recuperação económica de Moçambique.
A CTA e outras entidades empresariais apelam a uma resolução pacífica do conflito político e sublinham a necessidade de acções que garantam a segurança e a estabilidade, essenciais para restabelecer a confiança no mercado turístico e incentivar o regresso dos visitantes internacionais ao País.