A mineradora australiana Syrah queixa-se dos contínuos protestos de um grupo de agricultores nacionais que condicionam o acesso à mina de grafite em Balama, admitindo que os protestos pós-eleitorais no País atrasam o desfecho, informou esta segunda-feira, 11 de Novembro, a agência Lusa.
Numa informação aos mercados, a mineradora explicou que em causa estão protestos em Balama, distrito de Cabo Delgado, Norte de Moçambique, por parte de um “pequeno grupo” de agricultores locais, com “queixas históricas de reassentamento de terras agrícolas” que continuam por resolver, “combinadas” com outros problemas.
“O problema continua a dificultar a circulação de pessoas, interrompendo o acesso ao local e impedindo actualmente o início da próxima campanha de produção”, lê-se na informação da Syrah.
A nota acrescenta que após o anúncio dos resultados das eleições gerais 9 de Outubro, os protestos generalizados associados ao escrutínio estão a “causar perturbações generalizadas em todo o País”.
“As circunstâncias em torno destes protestos parecem estar a afectar a capacidade de resposta das autoridades e do Governo na resolução de acções ilegais em Balama”, acrescenta, sublinhando que “a mina está a operar em modo de campanha e pode suspender temporariamente a produção, também por motivos de manutenção, inventário e outros factores”, admitindo também que necessita de realizar operações até Dezembro para repor “stocks”.
“A empresa continua a envolver-se intensamente com as autoridades e partes interessadas do Governo para garantir uma resolução permanente e positiva”, conclui a Syrah.
A mina de grafite de Balama estreou-se este ano na exportação daquele minério para um fabricante de baterias indonésio, que comprou dez mil toneladas, anunciou em Abril a australiana Syrah.
De acordo com uma informação divulgada aos mercados pela mineradora, que detém aquela mina, tratou-se da “primeira venda de grandes volumes de grafite natural de Balama para a Indonésia, adquiridos pela empresa BTR New Energy Materials”.
Segundo a Syrah, foi o “primeiro grande volume de venda de grafite natural para um participante da cadeia de fornecimento de baterias fora da China”.
A produção de Balama tinha subido para 41 mil toneladas de grafite natural no primeiro trimestre de 2023, face às 35 mil toneladas no trimestre anterior, acima das vendas, que subiram de 28 para 30 mil toneladas.
Moçambique espera este ano mais de 329 mil toneladas de grafite, matéria-prima necessária à produção de baterias para viaturas elétricas, um aumento superior a 180% face ao desempenho deste ano, segundo a previsão do Governo.
O País produziu 120 mil toneladas de grafite em 2020, desempenho que caiu para 77,1 mil toneladas no ano seguinte, enquanto as estimativas para 2022 e 2023 foram, respectivamente, de 182 mil e 117,4 mil toneladas.