Um grupo de investigadores da Universidade do Nevada (UNLV), nos Estados Unidos, criou uma tecnologia inovadora que permite extrair quantidades significativas de água, mesmo do ar árido. A pesquisa foi publicada a 22 de Outubro na revista Proceedings of the National Academy of Sciences e promete revolucionar o acesso à água potável em regiões áridas.
Liderada pelo professor de engenharia mecânica H. Jeremy Cho, a equipa introduziu uma abordagem nova à recolha de água atmosférica, transformando o vapor de água em ar.
Segundo o portal Sci Tech Daily, ao contrário das tecnologias existentes, que produzem baixos rendimentos e se debatem com uma humidade inferior a 30%, este novo método foi concebido para funcionar eficazmente mesmo em condições extremamente secas.
“Este trabalho demonstra que é possível captar-se água a um ritmo muito rápido”, disse Cho. “Podemos começar a prever o tamanho do sistema necessário para produzir uma determinada quantidade de água”.
“Se tiver um metro quadrado, que tem cerca de um metro e meio por um metro e meio, podemos gerar sensivelmente quatro litros de água por dia no deserto do Nevada e até três vezes mais em ambientes húmidos”, acrescentou.
Esta tecnologia e abordagem, testada ao ar livre em Las Vegas e eficaz até 10% de humidade, captura directamente a água numa solução salina líquida que é adequada para posterior transformação em água potável ou produção de energia, permitindo novas capacidades para regiões áridas.
Um ingrediente-chave no processo é uma membrana de hidrogel “pele”. A inspiração para este material vem da natureza – especificamente das rãs e das plantas aéreas -, que utilizam uma técnica semelhante para transportar a água do ar ambiente para um líquido para armazenamento interno.
“Pegámos nesta ideia biológica e tentámos fazê-la à nossa maneira”, explicou Cho. “Há tantas coisas a acontecer na natureza. Só temos de olhar à nossa volta, aprender e inspirar-nos”.
Além disso, a pesquisa demonstra que a recolha de água atmosférica pode ser alimentada por energia solar. Graças à luz solar frequente em locais como o Vale de Las Vegas, que tem uma média de 300 dias de sol por ano, a luz solar pode fornecer energia para reduzir o custo teórico e eventual da produção de água.
“Os nossos recursos hídricos estão a esgotar-se e o clima do nosso planeta está a mudar. Para alcançar a sustentabilidade, temos de mudar os nossos hábitos. Toda esta ideia parecia ficção científica, mas é possível e estamos mesmo a fazê-lo”, afirmou Cho.