O Governo angolano afirma ter “grandes expectativas” na criação de um novo mecanismo de financiamento que responda à vulnerabilidade dos países africanos durante a cimeira da ONU sobre as alterações climáticas que começa segunda-feira.
“Uma das grandes expectativas é que de facto se possa ter um mecanismo de financiamento que vá ajudar o incremento e a colmatar as questões ligadas à vulnerabilidade dos países africanos, na qual Angola se insere”, afirmou a secretária de Estado para Biodiversidade e Áreas de Conservação do Ministério do Ambiente.
A esperança é que isso permita trazer para Angola “financiamento para as questões ligadas à seca, à componente do sul do país e à continuidade dos projetos estruturantes que tiveram o seu início, uma vez que o país já está dentro da componente da transição energética”, acrescentou Paula Coelho.
A governante avançou que os representantes angolanos vão participar em mesas redondas sobre as energias, financiamento, temática da água e da poluição.
Paula Coelho realçou que as alterações climáticas em Angola têm deixado vulneráveis as populações, com os efeitos da estiagem, solos secos e necessidade de desassoreamento de rios.
A secretária de Estado sublinhou que o país tem dado continuidade às campanhas de recolha de resíduos e de plantação de árvores, para mitigação dos efeitos das alterações climáticas.
A 29.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas (COP29), que vai decorrer entre 11 e 22 de novembro, é considerada crucial para serem alcançados compromissos de redução de emissões até 2030 e para aumentar o financiamento climático.
A cimeira que juntará em Baku, capital do Azerbaijão, representantes de 197 países e da União Europeia, é entendida por diversas organizações ambientalistas, entre as quais a portuguesa Zero, como “um momento crucial para que os governos se comprometam a reduzir as emissões para metade até 2030, aumentar o financiamento climático, e a acelerar a ação antes da COP30”, que está marcada para o Brasil, em 2025.
Na agenda estarão em destaque pontos como a Nova Meta Coletiva Quantificada (NCQG, na sigla em inglês), depois de em 2015, na COP 21 em Paris, os governos terem estabelecido uma verba de 100 mil milhões de dólares por ano. O ano passado, na COP28 no Dubai, foi adotada uma decisão para iniciar este ano, em Baku, negociações para alcançar verbas mais ambiciosas para a mitigação dos impactos das alterações climáticas.
Em cima da mesa estará também o balanço global dos progressos desde o Acordo de Paris sobre redução de emissões, alcançado na COP21, esperando-se que de Baku saiam decisões que garantam a aplicação dos resultados deste primeiro balanço e que todos os países apresentem os seus planos.
Em termos de adaptação, a COP29 será também a oportunidade de países e blocos político-económicos chegarem a acordo para operacionalizar os respetivos planos e o Objetivo Global de Adaptação (GGA) até 2025.
Na agenda está ainda a operacionalização plena do Fundo de Resposta a Perdas e Danos (FRLD), que visa apoiar os países menos desenvolvidos e para o qual Portugal se comprometeu com cinco milhões de euros.
A COP29 ficará marcada pela ausência dos presidentes dos Estados Unidos e do Brasil, bem como da presidente da Comissão Europeia Úrsula von der Leyen, entre líderes de vários países que tradicionalmente participam nas negociações.