O Fundo Monetário Internacional (FMI) reviu para 4,3% a previsão de crescimento da economia moçambicana em 2024 e 2025, abaixo dos 5% estimados no relatório de Abril, embora acima da média esperada para a África Subsaariana, que é de 3,6% e 4,2%, respectivamente.
Segundo o FMI, este crescimento representa uma diminuição de 0,7 pontos percentuais face à previsão anterior e também se mantém aquém da meta estabelecida no Orçamento do Estado de Moçambique (5,5%) para este ano. Em comparação, o Banco Mundial estima um crescimento ligeiramente inferior, de 4%.
A revisão surge após a análise do “Economic Outlook” para a África Subsaariana, apresentada no final de Outubro. Abebe Selassie, director do FMI para África, destacou que a média regional de crescimento será de 3,6% em 2023 e de 4,2% em 2025.
“Este ritmo não é suficiente para reduzir significativamente a pobreza nem para recuperar o terreno perdido nos últimos anos, e muito menos para enfrentar os desafios de desenvolvimento que se avizinham. O crescimento do rendimento per capita na região, inferior a 2%, é insuficiente para melhorias rápidas na qualidade de vida ou para reduzir a pobreza de forma sustentada”, acrescentou Selassie.
Redução das taxas de juro em Moçambique e outros países africanos
Em resposta ao abrandamento das pressões inflacionistas, vários países africanos, incluindo Moçambique, Gana, Botsuana e Ruanda, começaram a cortar as suas taxas de juro. A tendência ocorre num contexto de melhoria dos desequilíbrios macroeconómicos, como referiu Selassie, ao mencionar que os défices orçamentais e as taxas de inflação têm vindo a cair, aproximando-se dos níveis anteriores à crise.
Inflação em queda, mas dívida pública em alta
Apesar de um terço dos países africanos ainda registarem uma inflação de dois dígitos, o FMI projecta uma descida da média regional de 18,1% em 2024 para 12,3% em 2025. Moçambique acompanha essa tendência de queda, prevendo-se uma inflação de 3,5% em 2024 e de 4,3% em 2025, bem abaixo dos 10,4% e 7% registados nos últimos dois anos.
Contudo, a dívida pública de Moçambique continua a crescer, representando 96% do PIB em 2023 e projectando-se que atinja 96,5% em 2024. Segundo o FMI, muitos países da região enfrentarão desafios na gestão da dívida, afectando os recursos disponíveis para o desenvolvimento e reconstituindo as reservas.
Panorama global: Estados Unidos e China impulsionam estabilidade
Na economia global, o FMI espera um crescimento estável de 3,2% para 2024 e 2025, sustentado pela melhoria das previsões para os Estados Unidos (2,9%) e China (5,2%). Este crescimento compensa a desaceleração em economias avançadas, como a Alemanha, o Japão e o Reino Unido, onde a expansão prevista não ultrapassará 1% no próximo ano.
Texto: Jaime Fidalgo