Pelo menos três pessoas morreram e 66 pessoas ficaram feridas durante confrontos entre manifestantes e a polícia na quinta-feira (7), oitavo dia das greves convocadas por Venâncio Mondlane, anunciou o Hospital Central de Maputo (HCM), maior unidade do País.
“Ontem, dia 7, em todas as nossas portas de entrada tivemos um cumulativo de 138 admitidos, dos quais a urgência de adultos teve 101 pacientes. Destes, 66 foram vítimas das manifestações e os restantes foram por outras causas”, informou o director do Serviço de Urgência de Adulto no HCM, Dino Lopes, em declarações à comunicação social.
Dados apresentados pelo responsável dão conta de que pelo menos três pessoas perderam a vida na quinta-feira, em resultado das manifestações. “Dos 66 feridos, tivemos 57 com lesões possivelmente causadas por armas de fogo, quatro por queda, três por agressão física e dois feridos com armas brancas”, acrescentou o responsável do HCM, citado pela Lusa.
A fonte adiantou ainda que do total dos feridos, quatro pacientes encontram-se em estado grave, sendo que, deste número, dois necessitaram de intervenções cirúrgicas e um encontra-se sob cuidados intensivos na maior unidade hospitalar do País.
Entre as vítimas, disse Dino Lopes, o maior grupo, com 34 feridos, tem idades compreendidas entre os 25 e os 35 anos de idade, seguido de 17 feridos na faixa etária entre 15 e 25 anos, num dia em que o HCM afirma não ter recebido crianças feridas em resultado das manifestações.
Para responder à demanda, disse Dino Lopes, o HCM contou com o contributo de estudantes de medicina da Universidade Eduardo Mondlane (UEM) e do Instituto Superior de Ciências e Tecnologia de Moçambique (ISCTEM), para além dos médicos de outras unidades sanitárias e de organizações não-governamentais que se voluntariaram para auxiliar na assistência aos pacientes.
O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique, em 24 de Outubro, dos resultados das eleições de 9 de Outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República, com 70,67% dos votos, espoletou protestos populares, convocados pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane.
Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este afirmou não reconhecer os resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
Após protestos nas ruas que paralisaram o País, Mondlane convocou novamente a população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de Outubro, com protestos nacionais e uma manifestação concentrada em Maputo anteriormente convocada para esta quinta-feira, 7 de Novembro.
Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados anunciados das eleições gerais de 9 de Outubro em Moçambique, anunciou que as manifestações de protesto são para manter até que seja reposta a verdade eleitoral.