O governador do Banco de Moçambique, Rogério Zandamela, garantiu esta sexta-feira (8) que as reservas de divisas do País estão em níveis “confortáveis”, assegurando a cobertura das importações de bens e serviços para os próximos cinco meses. Zandamela afirmou que estas reservas não são para “queimar” e que o banco central tem vindo a mantê-las estáveis para garantir o funcionamento regular da economia, segundo informou a Lusa.
“Não vamos queimar reservas e não estamos a queimar reservas. Elas continuam ali para permitir o funcionamento normal do nosso país e das nossas instituições,” afirmou o governador durante o 49.º conselho consultivo do Banco de Moçambique, realizado em Maputo, onde apresentou as perspectivas económicas de médio prazo.
Nos últimos tempos, os empresários moçambicanos têm apelado ao banco central para que flexibilize os coeficientes de reservas obrigatórias em moeda estrangeira, que actualmente obrigam os bancos a depositar 39,5% do total das suas divisas no banco central — um valor consideravelmente superior aos 11,5% estabelecidos em 2022.
Esta medida visa conter a escassez de divisas no mercado interno, embora alguns sectores considerem que limita a actividade empresarial.
Zandamela destacou ainda que, apesar dos desafios, o desempenho macroeconómico de Moçambique tem mostrado sinais positivos. O Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 4,5% no segundo trimestre de 2024, impulsionado sobretudo pela indústria extractiva.
Além disso, a inflação anual apresentou uma tendência de desaceleração, fixando-se em 2,5% em Setembro, em comparação com os 5% registados em Dezembro de 2023, um valor historicamente baixo para o País.
O governador mencionou também uma melhoria do défice da conta corrente em 14% no primeiro semestre do ano, sublinhando que o sector bancário moçambicano se mantém “sólido, bem capitalizado, bem líquido e com altos níveis de rentabilidade.”
Segundo ele, os rácios de solvabilidade atingem cerca de 26% e os de liquidez 49%, ambos acima dos níveis regulamentares, demonstrando a resiliência do sistema financeiro.
Zandamela concluiu afirmando que estas condições favoráveis reforçam a confiança na estabilidade económica do país, apesar dos desafios globais e internos.