Um tribunal russo emitiu uma multa de uma magnitude sem precedentes, cobrando à empresa-mãe da Google, Alphabet, dois undeciliões de rublos (dois seguido de 36 zeros) pela sua recusa em restaurar os canais dos media estatais russos no YouTube.
A multa supera o PIB global de 2023, estimado pelo Banco Mundial em 105,44 triliões de dólares e ofusca a própria avaliação da Alphabet, que ronda os 2 biliões de dólares.
A magnitude da coima é tal que o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, admite que não consegue pronunciar este número.
“Embora se trate de um montante específico, nem sequer posso pronunciar este número. Mas está cheio de simbolismo”, afirmou o porta-voz do Kremlin segundo a agência noticiosa russa TASS, citada pelo jornal Expresso.
A soma sem precedentes reflecte um mecanismo de duplicação diária decretado pelas autoridades russas em resposta ao que consideram ser o incumprimento por parte da Google. A TASS refere que a coima está relacionada com a restrição em curso da plataforma a 17 canais de comunicação social russos, motivados, principalmente, pela invasão russa da Ucrânia.
Já em 2021, o regulador dos meios de comunicação social do Kremlin, Roskomnadzor, multou a Google por permitir o que a Rússia descreveu como conteúdo “proibido” relacionado com o conflito na Ucrânia.
O controlo das plataformas online tornou-se um campo de batalha crucial para a Rússia, sobretudo porque os meios de comunicação independentes enfrentam restrições quase totais no país. Roskomnadzor tem acusado cada vez mais plataformas como o YouTube de promoverem aquilo a que chama “actividades ilegais de protesto” e conteúdos antigovernamentais.
De acordo com o portal Observador, a Alphabet ainda não comentou publicamente a decisão da Rússia, que estabelece que se a multa não for paga em nove meses, o valor continua a aumentar, sem limite para o tamanho que pode atingir.
Desta forma, Moscovo estipulou que o valor da multa duplicará todos os dias após o prazo estabelecido e proibiu a Google de operar no mercado russo até cumprir a decisão da justiça.