A África do Sul expressou esta quinta-feira (7) “profunda preocupação” com a crescente onda de violência que assola o País após as eleições gerais, apelando à “calma” e “contenção” por parte de todos os envolvidos. A situação tornou-se crítica com a confirmação de, pelo menos, 16 mortos e mais de uma centena de feridos durante confrontos e manifestações nas principais cidades moçambicanas, incluindo a capital, Maputo, segundo informou a Lusa.
Num comunicado oficial, Ronald Lamola, chefe da diplomacia sul-africana, e Verónica Macamo, ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, discutiram ao telefone o desenrolar da crise.
Segundo o porta-voz ministerial sul-africano, Chrispin Phiri, a conversa entre os dois líderes centrou-se no processo de validação dos resultados eleitorais por parte do Conselho Constitucional e nos planos de segurança para acalmar a situação na região fronteiriça.
“Pretória apela à calma e contenção, para que o processo eleitoral seja finalizado em segurança, permitindo que o Conselho Constitucional valide os resultados de forma independente e conforme o seu mandato”, afirmou Phiri.
As tensões aumentaram desde que a Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciou, a 24 de Outubro, a vitória de Daniel Chapo, candidato da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), com 70,67% dos votos. O resultado foi contestado pelo candidato da oposição, Venâncio Mondlane, que obteve 20,32% e alegou fraude eleitoral, apelando a manifestações em massa contra a decisão.
Mondlane convocou ainda a população para uma paralisação geral de sete dias, culminando numa manifestação nacional agendada para esta quinta-feira em Maputo. Em resposta, as autoridades moçambicanas mobilizaram forças de segurança e adoptaram medidas para conter as manifestações.
Nas últimas horas, a polícia sul-africana dispersou um grupo de manifestantes moçambicanos que protestavam na fronteira de Lebombo, encerrada temporariamente devido a motivos de segurança.
A África do Sul, através do seu porta-voz, manifestou pesar pelas vítimas e pela destruição de propriedade, apelando ainda às forças de segurança moçambicanas para que investiguem rapidamente os incidentes e responsabilizem os envolvidos. “Lamentamos a perda de vidas e apelamos à actuação rigorosa das autoridades para evitar novos episódios de violência”, reforçou Phiri.
A Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) convocou já uma cimeira extraordinária, marcada para o dia 20 no Zimbabué, com o objectivo de discutir soluções regionais para a situação em Moçambique.
Entretanto, a tensão mantém-se elevada no País, com vários sectores da sociedade civil a alertarem para a necessidade de uma mediação urgente que garanta a paz e permita que o processo eleitoral decorra sem mais violência.