O ministro da Defesa Nacional admitiu esta terça-feira, 5 de Novembro, “excessos” por parte das forças de segurança para conter manifestações, mas avisou que a corporação reage “na medida” dos actos desenvolvidos pelos manifestantes.
“Temos de reconhecer que pode haver excessos em algumas ocorrências policiais ou das Forças de Defesa e Segurança, sobre as quais nós estamos a trabalhar dentro das nossas unidades, no sentido de apurar porque é que determinado agente terá excedido a força necessária para conter a ameaça durante a manifestação”, declarou Cristóvão Chume, citado pela Lusa.
A Ordem dos Advogados de Moçambique (OAM) repudiou esta terça-feira (5) a violência policial contra os manifestantes, a quem também pede que não pratiquem “actos erráticos”, e refere, em nota, que “as manifestações correspondem ao exercício de direitos fundamentais”.
Para a OAM é evidente que a Polícia da República de Moçambique (PRM) está a actuar de forma “completamente desproporcional ao seu mandato constitucional” e acusa a polícia de ventilar tudo o que pode funcionar “como ignição de conflito através da violência e brutalidade não justificada”.
Em conferência de imprensa em Maputo, Cristóvão Chume classificou as manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane de “violentas”, referindo que é papel da polícia e das Forças de Defesa e Segurança garantir a ordem pública.
“O papel das Forças de Defesa é de prevenção e desempenho da sua missão de prevenção. Para que não tenhamos violência nas estradas, somos chamados a reagir e reagimos na medida dos actos desenvolvidos pelos manifestantes para poder contê-los”, defendeu o governante, que pediu, na sequência, o fim da presença de menores nas manifestações.
A Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciou no dia 24 de Outubro a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975), na eleição para Presidente da República, com 70,67% dos votos.
Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos, extraparlamentar), ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas afirmou não reconhecer estes resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
O candidato presidencial apelou a uma greve geral e manifestações durante uma semana em Moçambique, que começaram no dia 31 de Outubro e cuminarão em marchas no dia 7 de Novembro.
Venâncio Mondlane designou esta como a terceira etapa da contestação aos resultados das eleições gerais de 9 de Outubro, que se segue aos protestos realizados nos dias 21, 24 e 25 de Outubro, que provocaram confrontos com a polícia e resultaram em pelo menos dez mortos, dezenas de feridos e 500 detidos.