O Presidente da República, Filipe Nyusi, reiterou esta terça-feira, 5 de Novembro, que as forças armadas ruandesas não têm tropas em Maputo para controlar as manifestações convocadas pelo candidato presidencial Venâncio Mondlane, afirmando que continuam em Cabo Delgado a combater o terrorismo.
“Com que objectivo se diria que as tropas do Ruanda estão aqui na cidade? Porquê ofender um povo que decidiu vir aqui para ajudar as pessoas?”, perguntou o estadista durante a recepção aos membros do Sistema de Administração da Justiça, por ocasião do Dia da Legalidade.
Segundo a agência Lusa, Venâncio Mondlane apelou a uma greve geral e a manifestações de uma semana em Moçambique, que começaram no dia 31 de Outubro e culminarão com marchas na cidade de Maputo no dia 7 de Novembro.
O candidato presidencial convocou aquilo a que chamou de terceira fase da contestação aos resultados das eleições gerais de 9 de Outubro, depois dos protestos realizados nos dias 21, 24 e 25 do mesmo mês, que provocaram confrontos com a polícia e resultaram em pelo menos dez mortos, dezenas de feridos e 500 detidos.
Esta terça-feira, 5 de Novembro, o chefe do Estado, reagindo a rumores que circulam em Maputo sobre a mobilização de forças e veículos blindados ruandeses para a capital, face às manifestações que continuam a realizar-se para contestar os resultados eleitorais, garantiu que permanecem na província de Cabo Delgado, ajudando a combater o terrorismo.
“Ainda ontem fui informado que as forças do Ruanda pacificaram mais de nove aldeias para que os cidadãos pudessem regressar e recomeçar as suas vidas”, acrescentou o Presidente da República.
A porta-voz do Governo ruandês, Yolande Makolo, disse no dia 3 de Novembro que as forças armadas ruandesas não têm tropas em Maputo, contradizendo as mensagens que circulam há vários dias.
“Não há tropas ruandesas em Maputo. As forças de segurança ruandesas estão destacadas apenas na província de Cabo Delgado, em operações conjuntas com as forças moçambicanas contra os combatentes extremistas islâmicos que têm estado a aterrorizar os residentes na província”, escreveu Yolande Makolo na sua conta oficial na rede social X.
Uma força de mais de dois mil soldados ruandeses, que começou a ser reforçada em Abril, combate desde 2021 grupos terroristas que operam há sete anos na província de Cabo Delgado, Norte de Moçambique, nomeadamente protegendo a zona em que a francesa TotalEnergies tem um empreendimento de exploração de gás natural.
No dia 24 de Outubro, a Comissão Nacional de Eleições (CNE) anunciou a vitória de Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975), nas eleições para a Presidência do País, com 70,67% dos votos.
Venâncio Mondlane, apoiado pelo Partido Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas disse não reconhecer estes resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.