Pelo menos 773 mil cidadãos nacionais poderão enfrentar insegurança alimentar nos próximos cinco meses, revela um levantamento da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) e do Programa Alimentar Mundial (PAM).
Segundo um artigo tornado público no sábado, 2 de Outubro, pela Agência de Informação de Moçambique, o estudo aponta como principais causas o extremismo violento na província de Cabo Delgado, norte de Moçambique, e o incremento da magnitude e frequência de eventos extremos, incluindo tempestades tropicais, ciclones e inundações impulsionadas com a chegada do fenómeno “La Niña”, no período compreendido entre Novembro e Abril.
Além disso, escreve o órgão, a paz e segurança em Cabo Delgado deterioram-se no primeiro semestre de 2024, após a retirada da Missão Militar da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral para Moçambique (SAMIM), por ter expirado o seu mandato.
A escalada, caracterizada por um incremento da disseminação geográfica da violência, deixou mais de 160 mil deslocados de Janeiro a Julho de 2024, o que representa um aumento de 140% em comparação com o mesmo período do ano passado.
O director-geral da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Qu Dongyu, referiu que a situação nos cinco principais focos de fome é catastrófica. “As pessoas enfrentam uma situação extrema de falta de alimentos e de fome sem precedentes, impulsionada pela escalada de conflitos, crises climáticas e choques económicos”, disse.
Por sua vez, a directora executiva do Programa Alimentar Mundial (PMA), Cindy McCain, defendeu a mobilização de soluções diplomáticas nos conflitos e permissão para acção de profissionais de assistência humanitária com segurança. “Chegou a hora de os líderes mundiais intensificarem e trabalharem para alcançar os milhões de pessoas em risco de fome”, defendeu.
Moçambique integra uma lista de países de alta preocupação juntamente com nações como Chade, Líbano, Mianmar, Nigéria, Síria e Iémen.