Um ‘blend’ é uma mistura de várias uvas diferentes combinadas para produzir um vinho. Podendo também ser chamados de corte (em português) ou ‘assemblage’ (em francês), são vinhos cuja elaboração envolve sempre mais de uma casta, sem qualquer limite.
Os países do Velho Mundo (Europa, Ásia e África), como França, Itália, Portugal e Espanha, especializaram-se na arte do ‘assemblage’, através de uma longa tradição, que abrange séculos e até mesmo milénios.
Confira, a seguir, alguns dos mais tradicionais tipos de ‘blends’.
‘Blend’ de Bordeaux
O ‘blend’ tinto de Bordeaux é um dos mais famosos do mundo, dando origem a alguns dos melhores, e mais caros vinhos, como o Château Lafite Rothschild e o Château Margaux.
As uvas Cabernet Sauvignon e Merlot costumam representar a espinha dorsal desse ‘assemblage’, com variedades como Cabernet Franc, Malbec, Petit Verdot e Carménère constituindo o restante do corte.
Mas ‘não é só de tintos que vive Bordeaux’. A região conta também com um ‘blend’ branco, normalmente composto pelas variedades Sémillon e Sauvignon Blanc. Alguns produtores também optam por adicionar um toque da uva Muscadelle no corte.
‘Blend’ de GSM
Outra mistura francesa famosa é a GSM, sendo “G” de Grenache, “S” de Syrah e “M” de Mourvèdre. Esta última casta, embora presente numa pequena percentagem, contribui com aromas que as outras variedades não têm, além de dar corpo ao vinho.
Entretanto, são aceites outras 15 variedades no ‘assemblage’ dos vinhos GSM, totalizando 18 uvas permitidas, entre castas tintas e brancas.
Além das já mencionadas Grenache, Syrah e Mourvèdre, são permitidas as uvas tintas Counoise, Cinsault, Muscardin, Vaccarèse, Picpoul Noir, Terret Noir e Grenache Gris, e as castas brancas Grenache Blanc, Roussanne, Clairette, Bourboulenc, Clairette Blanche, Picardan, Picpoul Blanc e Picpoul Gris.
‘Blend’ de Champanhe
Sem dúvida, o espumante mais famoso do mundo, o champanhe, é tradicionalmente elaborado a partir do corte de três uvas – as tintas Pinot Noir e Pinot Meunier, e a branca Chardonnay.
A legislação da região também permite, em menor quantidade, outras quatro variedades no ‘blend’ de champanhe: Arbane, Petit Meslier, Pinot Blanc e Pinot Gris. Mas a maioria esmagadora dos produtores, mais de 99%, opta por seguir o corte tradicional de Pinot Noir, Pinot Meunier e Chardonnay.
Até ao início dos anos 1960, a Gamay também era permitida no ‘blend’ de champanhe, quando foi proibido o seu uso, devido a preocupações em relação à qualidade das uvas que estavam a ser produzidas na região. Essa proibição perdura até hoje.
‘Blend’ de Provence
Provence, no sudoeste da França, é conhecida como a Capital Mundial do Rosé e não é à toa, já que os vinhos rosés ali produzidos se destacam como alguns dos melhores do mundo!
O clássico ‘blend’ de Provence é composto pelas uvas tintas Cinsault, Grenache e Syrah. Alguns produtores também costumam incluir no corte a uva branca Vermentino, também conhecida como Rolle.
‘Blend’ do Cava
O espumante Cava é o equivalente espanhol ao champanhe francês e ao prosecco italiano.
O Cava é produzido na região vitivinícola de Penedès, dentro da comunidade autónoma da Catalunha, no nordeste da Espanha.
O ‘blend’ do Cava é tradicionalmente composto pelas castas Macabeo, Parellada e Xarel-lo, que são uvas autóctones de Penedès.
A legislação da região também permite, em menores quantidades, as uvas Chardonnay, Subirat, Grenache, Monastrell, Pinot Noir e Trepat no corte do cava.
‘Blend’ do Porto
Por fim, é impossível falar de ‘blend’ e não mencionar o Vinho do Porto, um dos rótulos mais famosos de Portugal, produzido dentro da região vitivinícola do Douro.
O Vinho do Porto, um dos mais expressivos exemplos de vinho fortificado, é commumente elaborado a partir do corte das uvas Tinta Roriz, Touriga Nacional, Touriga Franca, Tinta Cão e Tinta Barroca.
Já o Vinho do Porto Branco é tradicionalmente produzido com um ‘blend’ das uvas Malvasia Fina, Gouveio, Códega e Rabigato.
Fonte: Divino