A semana económica em Moçambique foi, e continua a ser, marcada por um clima de tensão. Com a actualidade completamente tomada pelo impacto da paralisação geral pedida, e acatada, por Venâncio Mondlane, ainda assim, nos últimos dias, existiram outras notícias a merecer destaque. Foi anunciado mais um aumento das emissões de dívida pública interna e voltaram a ser notícia as investigações sobre o as dívidas ocultas. Por fim, enumeramos as principais dificuldades que o novo Presidente de Moçambique terá de enfrentar para impulsionar o desenvolvimento do País.
Queda no Crédito e Aumento da Inclusão Financeira
Segundo o relatório de Inclusão Financeira 2023, divulgado pelo Banco de Moçambique, o crédito à economia caiu 9,6% no último ano, uma diminuição atribuída a condições económicas adversas e políticas monetárias restritivas.
O aumento das taxas de juro e a diminuição da procura por crédito afectaram tanto empresas quanto famílias, limitando o financiamento disponível. Em contrapartida, o Índice de Inclusão Financeira registou um crescimento de 1,14 pontos, situando-se em 15,13, impulsionado pelo aumento de agentes não bancários e da moeda electrónica.
Expansão da Dívida Interna Aumenta Pressão sobre Finanças Públicas
No contexto de um aumento das necessidades de financiamento, o Governo captou 2,5 mil milhões de meticais (40 milhões de dólares) numa nova emissão de Obrigações do Tesouro, elevando a dívida pública interna a 402,7 mil milhões de meticais até Setembro.
Esta operação, realizada na Bolsa de Valores de Moçambique, obteve uma taxa de procura de 68,03%, e o Banco de Moçambique alertou para o impacto crescente da dívida interna sobre a sustentabilidade financeira, especialmente em contexto de taxas de juro altas, pressionando ainda mais o orçamento público.
Escândalo das Dívidas Ocultas: Novas Revelações de Documentos na Suíça
Avanços significativos surgiram no caso das dívidas ocultas de Moçambique, com a Procuradoria-Geral da Suíça a receber documentos do Credit Suisse que apontam falhas graves na fiscalização de transacções suspeitas.
Estes documentos incluem uma transferência de 491,4 milhões de meticais (7,8 milhões de dólares) para o Ministério da Economia e Finanças, sem o devido reporte de actividade suspeita.
As investigações intensificam-se para responsabilizar os envolvidos neste esquema de subornos e corrupção, que já dura há quase uma década e afectou profundamente as finanças públicas moçambicanas.
Os Desafios do Novo Presidente
Embora aguardando ainda a decisão do Conselho Constitucional, Daniel Chapo, recém-eleito Presidente de Moçambique, enfrenta uma série de desafios económicos e sociais que exigem reformas estruturais urgentes. Entre eles, destacam-se a crise da dívida, o terrorismo no norte do País e os efeitos das mudanças climáticas. Chapo herda uma economia abalada que irá sofrer com as constantes paragens e greves gerais das últimas semanas, com um PIB em queda para 1,8% e com 62% da população abaixo da linha da pobreza.
A crise económica é intensificada pelo endividamento e pela necessidade de reforço de infra-estruturas e segurança. Especialistas sublinham que o novo Presidente terá de implementar uma governação inovadora para combater a corrupção e fomentar o desenvolvimento sustentável.
Texto: Felisberto Ruco