Um novo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) revela que Moçambique está entre os países com elevado risco de insegurança alimentar aguda, estimando que cerca de 773 mil moçambicanos enfrentarão níveis críticos de fome entre Outubro de 2024 e Março de 2025.
O estudo, conduzido pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e pelo Programa Alimentar Mundial (PMA), identifica como principais factores de agravamento da insegurança alimentar o conflito armado em Cabo Delgado, no norte do País, e os impactos do fenómeno climático La Niña, que poderá intensificar eventos extremos, como ciclones, tempestades tropicais e inundações.
A situação em Cabo Delgado, afectada pela violência e pelo agravamento das condições de segurança, deteriorou-se especialmente após a retirada da Missão da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) em 2024, segundo o relatório.
Durante o primeiro semestre deste ano, a intensificação do conflito gerou mais de 160 mil deslocados, representando um aumento expressivo em relação ao mesmo período do ano anterior.
O fenómeno La Niña, que se prevê intensificar entre Novembro e Abril, pode agravar a crise ao causar desastres naturais que afectam a agricultura e as condições de subsistência, especialmente nas regiões mais vulneráveis. Este cenário coloca Moçambique entre os 22 países e territórios onde a insegurança alimentar deverá aumentar em intensidade e gravidade, alerta o relatório.
O aumento da insegurança alimentar no País constitui uma preocupação urgente, com milhares de pessoas em risco devido não apenas à violência, mas também à vulnerabilidade climática. A ONU destaca a necessidade de assistência internacional para apoiar as comunidades moçambicanas a enfrentar esta dupla ameaça.