O Capítulo Moçambicano do Instituto de Comunicação Social da África Austral (MISA Moçambique) repudiou a violência perpetrada pela Polícia da República (PRM) ao disparar contra jornalistas quando estavam a entrevistar o candidato presidencial, Venâncio Mondlane, informou esta terça-feira, 22 de Outubro, a Agência de Informação de Moçambique (AIM).
Segundo o órgão, na semana passada, Venâncio Mondlane convocou uma greve geral para protestar contra os resultados das sétimas eleições presidenciais e legislativas e quartas para os membros das assembleias provinciais e de governador de província, que tiveram lugar a 9 de Outubro último.
Mais tarde, Venâncio Mondlane anunciou uma marcha para protestar contra o assassinato do advogado Elvino Dias, e o mandatário do Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (Podemos), num crime ocorrido na noite de sexta-feira (18).
Através de diversas filmagens feitas no local, um cordão de segurança da PRM aproximou-se ao local onde os jornalistas se encontravam a entrevistar Venâncio Mondlane, deitando tiros de borracha e gás lacrimogéneo, facto que concorre para a interrupção da entrevista, dispersando os jornalistas e criando tensão.
“O MISA repudia o acto e apela às Forças de Defesa e Segurança a terem uma actuação profissional. Mesmo reconhecendo que a sua actuação pode requerer o uso de gás lacrimogéneo, tal não deve ser indevidamente feito e restringido o direito das liberdades de expressão e de imprensa”, diz um comunicado do MISA publicado no site da agremiação.
O MISA exige que seja feita uma investigação sobre o caso, para apurar se a polícia actuou ou não dentro dos limites permitidos.
A nota diz que a agremiação vai ainda usar a sua posição de defensor dos jornalistas para “tudo fazer para esclarecer e responsabilizar”, caso seja aplicável, os agentes da polícia que estiveram por detrás do grave ataque contra jornalistas.
Nestes tempos de tensão, o MISA adverte todos os profissionais de comunicação social a realizarem o seu trabalho, cumprindo com os protocolos de segurança, por forma que evitem ser alvos da acção da polícia e dos manifestantes.
Além de fazer dos jornalistas alvo, a polícia, segundo o MISA, deve reconhecer a importância do seu trabalho de reportar os acontecimentos caóticos que estão a marcar o período pós-eleitoral para o País e o mundo, sendo, por isso, necessário garantir a sua protecção.
Por isso, a organização insta as autoridades a evitar o uso indevido da força e a respeitarem as liberdades de expressão, manifestação e de imprensa.
O MISA ainda não terminou o levantamento dos danos causados pela má actuação da polícia, mas tem registo de que houve ferimentos de três jornalistas que se encontravam no local. Informações registadas pela AIM afirmam que os três jornalistas estão fora de perigo, encontrando-se actualmente no seio familiar.
Venâncio Mondlane convocou manifestações para repudiar os resultados das eleições, cujo apuramento distrital confere uma vantagem significativa ao candidato presidencial, Daniel Chapo, suportado pela Frelimo, partido no poder.
Concorrem igualmente nas eleições presidenciais Ossufo Momade, apoiado pela Renamo, o maior partido da oposição, e Lutero Simango, pelo Movimento Democrático de Moçambique, o segundo da oposição.
A Comissão Nacional de Eleições, órgão central e deliberativo no contencioso eleitoral, afirmou que os resultados poderão ser divulgados durante a semana em curso.