O candidato presidencial, Venâncio Mondlane, apelou esta terça-feira, 22 de Outubro, a dois dias de greve e a uma manifestação “pacífica” em todo o País a partir de quinta-feira (24), véspera do anúncio dos resultados oficiais das eleições gerais pela Comissão Nacional Eleitoral (CNE).
“Vamos sacrificar dois dias das nossas vidas para que todos nos possamos manifestar”, anunciou Venâncio Mondlane, num vídeo de mais de 45 minutos divulgado na rede social Facebook. “E não precisamos de informar a polícia ou o município”, reiterou.
“O País deve ficar parado durante estes dois dias”, disse, descrevendo a acção como a segunda etapa do que chama de ‘roteiro revolucionário’ de Moçambique e afirmando que a CNE se prepara para anunciar “resultados profundamente falsos das eleições gerais de 9 de Outubro”.
“Não foi isso que o povo votou – isso está claro”, disse no vídeo, referindo-se ao apuramento dos resultados a nível provincial, que deu vitória ao partido no poder, a Frelimo, e ao seu candidato presidencial, Daniel Chapo, com mais de 60% dos votos.
No seu discurso – que descreveu como sendo feito a partir de um “local incerto” – o candidato presidencial disse que estava a convocar “manifestações em todos os bairros, distritos e postos administrativos do País nos próximos dois dias, como uma prenda à CNE”.
As comissões eleitorais distritais e provinciais de Moçambique já apuraram os resultados da votação nas suas respectivas áreas, que, de acordo com os anúncios públicos, colocam a Frelimo na frente e o seu candidato presidencial, Daniel Chapo, com mais de 60% dos votos. Mas Venâncio Mondlane contesta estes resultados, alegando que os dados constantes das actas e avisos originais da votação estão incorrectos.
Na sequência do duplo assassinato de Elvino Dias, advogado do candidato, e de Paulo Guambe, líder do Podemos, o partido que apoia Venâncio Mondlane, na sexta-feira (18), o candidato também apelou a marchas pacíficas na segunda-feira (21). As marchas em Maputo foram dispersas pela polícia com tiros e gás lacrimogéneo.
Em declarações aos jornalistas na segunda-feira, o candidato presidencial avisou que a marcha do dia era apenas a primeira de quatro fases de protestos até que os resultados finais das eleições – que incluíram as sétimas eleições presidenciais e as eleições para o Parlamento e para as assembleias provinciais e governadores – sejam anunciados pelo Conselho Constitucional.
A CNE tem 15 dias para anunciar os resultados oficiais, ou seja, até 24 de Outubro. Depois disso, o Conselho Constitucional deverá proclamar os resultados, após ter concluído a análise de eventuais recursos, mas sem prazo definido para o fazer.