A agência de notação financeira Standard & Poor’s (S&P) desceu o ‘rating’ de Moçambique das emissões de dívida em moeda nacional para CCC, por temer que o País falhe os pagamentos. Ainda assim, manteve a classificação das emissões externas em CCC+.
“Acreditamos que existe uma elevada probabilidade de Moçambique falhar os pagamentos da dívida interna em moeda local, inclusivamente por razões administrativas, ou implementar uma troca de dívida problemática no que diz respeito à dívida soberana interna, e por isso baixámos o ‘rating’ das emissões em moeda local, de CCC+ para CCC”, justificaram os analistas por meio de uma nota divulgada pela Lusa.
Na explicação da manutenção da avaliação de risco (‘rating’) da dívida soberana externa em CCC+, a S&P escreveu que não tem havido atrasos e que “os pagamentos de dívida em moeda externa continuam comparativamente modestos até os Eurobonds atingirem a maturidade, em 2028”.
Para a S&P, “os desafios de gestão de liquidez continuam consideráveis, com alguns atrasos aparentes no pagamento aos credores internos, acumulação de dívidas a fornecedores e empreiteiros, para além de uma derrapagem orçamental, num contexto macroeconómico onde os ajustamentos nos salários dos funcionários públicos, os choques relacionados com o clima, o pagamento de juros e a época pré-eleitoral causaram pressões sobre a despesa pública”, sublinharam.
Mantendo a “Perspectiva de Evolução do ‘rating’ em Estável”, a S&P notou que apesar do crescimento de 4,3% previsto para este ano ser “relativamente robusto”, esta expansão está assente nas obras de construção necessárias para a exploração do gás natural no norte do País, e não num enriquecimento da população.
Neste sentido, a agência estima que o crescimento real do Produto Interno Bruto seja de apenas 2%. “A manufactura, a construção e a actividade do sector da importação estão também limitadas pelas dificuldades de acesso à moeda externa através dos bancos”.