O escritor moçambicano Mia Couto assinala que a crescente tensão política em Moçambique “exige uma liderança que compreenda que a violência não é o caminho”, tendo enfatizado que a paz não será alcançada com tumultos ou repressão policial.
Numa declaração feita à agência Lusa, em resposta ao assassinato de dois apoiantes do candidato presidencial Venâncio Mondlane, e que motivou a convocação de uma manifestação para esta segunda-feira, 21 de Outubro, o escritor explica que “situações de tensão como esta apelam para uma liderança que entenda que a violência não é a solução”.
A agitação aumentou significativamente após a morte de Elvino Dias, advogado de Mondlane, e Paulo Guambe, mandatário do partido Povo Optimista para o Desenvolvimento de Moçambique (PODEMOS), ocorrida na sexta-feira, no centro de Maputo. Mondlane convocou marchas pacíficas para repudiar essas mortes e responsabilizou as Forças de Defesa e Segurança (FDS) pelo crime.
Couto expressou ainda a expectativa de que as forças policiais demonstrem “eficiência, isenção e credibilidade” como uma força ao serviço da ordem pública. Para isso, pediu “provas irrefutáveis” de uma “investigação policial célere e independente”.
Mia Couto defendeu ainda maior transparência no processo eleitoral, argumentando que “não bastam percepções ou proclamações”, sugerindo que “se tornem públicas as actas e os editais” das eleições para revelar a verdade dos resultados.
O premiado escritor ressaltou ainda que “a tranquilidade e a reconciliação” não serão alcançadas com tumultos ou repressão policial, tendo pedido garantias para que o processo seja conduzido de forma que reconquiste a confiança e a credibilidade da população.”Não interessa a nenhum dos candidatos herdar uma nação rasgada pelo ódio”, enfatizou, complementando que o eleito deve ser “o Presidente de todos os Moçambicanos”, e não apenas dos seus partidários.
Concluindo, Mia Couto salientou que o próximo governante do País pode transformar a actual crise numa oportunidade para demonstrar “maturidade política, cívica e humana”, lembrando que “a grandeza de um Presidente não se mede pelos aplausos, mas pelo respeito que granjeia entre os seus adversários”.