A Reserva Especial do Niassa (REN), a maior área protegida de Moçambique, necessita de 8,4 milhões de dólares (530,9 milhões de meticais) por ano para assegurar a sua gestão e manutenção. A informação foi divulgada pela Wildlife Conservation Society (WCS), co-gestora da reserva, durante a celebração do 70.º aniversário da REN, esta quinta-feira (17), informou a Lusa.
“Este indicador reflecte que ainda estamos muito abaixo dos 50% das necessidades”, afirmou Afonso Madopo, director da WCS, durante a cerimónia, sublinhando a necessidade de aumentar os investimentos para garantir a conservação da área e a sustentabilidade das suas operações.
A REN é gerida por uma parceria público-privada entre o Governo de Moçambique, através da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC), e a WCS. Madopo destacou o impacto positivo dos fundos até agora aplicados dizendo: “estes investimentos têm sido cruciais não só para a conservação da biodiversidade, mas também para o desenvolvimento socioeconómico das comunidades”.
Criada como reserva de caça em 1954, a REN, que se estende por aproximadamente 42,5 mil quilómetros quadrados no norte de Moçambique, é actualmente a maior área protegida do País. A reserva abriga grandes populações de elefantes, leões, leopardos e búfalos, entre outras espécies, e desempenha um papel fundamental na conservação da vida selvagem.
A REN faz parte da área de conservação transfronteiriça Niassa-Selous, estabelecida por um acordo bilateral entre Moçambique e Tanzânia. De acordo com o Ministério da Terra e Ambiente, os investimentos e reformas legais realizados nos últimos dez anos “trouxeram uma nova dinâmica e enormes ganhos para as áreas de conservação, em particular a REN”.

Entre as principais conquistas da reserva, destaca-se a redução de actividades ilegais, incluindo a caça furtiva de elefantes. “A redução de práticas ilegais, com destaque para o registo de zero mortes de elefantes por caçadores furtivos a partir de 2019 e por três anos consecutivos, e o crescente aumento da fauna na ordem de 10 a 27% são alguns dos nossos maiores ganhos”, avançou a administração da reserva em comunicado.
Na celebração do 70.º aniversário, a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID), que tem financiado vários programas ambientais na REN, garantiu que vai continuar a dar o seu apoio. “Continuaremos a apoiar iniciativas que não só conservam a vida selvagem, como também capacitam as comunidades para protegerem os seus recursos naturais”, declarou Helen Pataki, directora da USAID em Moçambique.
A REN representa 21% da rede de áreas protegidas de Moçambique e 51% dos seus parques e reservas terrestres, sendo uma das sete “mega-áreas” protegidas na África Subsaariana, segundo dados da WCS. Contudo, enfrenta desafios consideráveis, como a necessidade de aumentar o número de fiscais, reforçar a vigilância aérea e garantir mais recursos para mitigar o conflito entre humanos e a fauna bravia.
“Precisamos de mais meios para aumentar a nossa capacidade de monitorização e fiscalização”, concluiu o director da WCS, destacando a importância de novas parcerias para superar estes obstáculos.